Katelynn Luedke
A minha intenção era encontrar
um marido ao mesmo tempo em que cursava a faculdade. Terminei o curso apenas
com um diploma em Ciências Políticas nas mãos, mas não com uma aliança de
noivado.
Eu nunca fui a garota
que sonhava em se casar. Entrei na faculdade solteira e pronta para conquistar o
mundo. Eu tinha um relacionamento com Cristo, estava recebendo uma boa educação
e estava contente. Desejava uma família em um futuro distante, lá pelos trinta
anos de idade.
Em certo período
durante minha época de faculdade, meus amigos de infância começaram a ficar
noivos, se casarem e terem filhos. Bem rapidamente o "não é bom que o
homem esteja só" começou a descrever a minha situação.
Um dia pela manhã, li
a notícia de que mais uma amiga tinha ficado noiva. Ela era uma boa amiga e
fiquei feliz por ela. Então, comecei a chorar. Contudo, percebi que as lágrimas
que encharcavam meus olhos não eram por causa da alegria que sentia por ela. A
razão das lágrimas era porque desejei que fosse eu quem estivesse postando a
notícia do meu noivado, e não ela.
Naquele momento, eu entendi
que tudo o que eu queria era ser casada e começar uma família. Repentinamente, a
descrição do trabalho de esposa e mãe estava soando melhor do que qualquer
emprego que poderia obter com o meu diploma.
Foi então que começou
a minha luta contra o descontentamento e a solidão.
A
Batalha Contra a Solidão
Mais rápido do que o previsto, eu encontrei alguém.
Por um ano e meio a nossa amizade cresceu profundamente e parecia que estávamos
caminhando na direção de um relacionamento mais sério. Eu comecei a depositar nele
a minha esperança, acreditando que ele fosse a realização dos meus novos
desejos. No período de uma semana, nós confessamos os nossos sentimentos um
pelo outro – mas, alguns dias depois, nossa amizade terminou, bem como qualquer
possibilidade de continuarmos como casal.
Iniciou-se meu segundo tempo na batalha contra o descontentamento e contra a
solidão.
Mulheres mais experientes me aconselharam a aproveitar
meu tempo como mulher solteira. Eu não recusava este tipo de conselho, embora fosse
algo confuso de ser processado emocionalmente. Eu havia recentemente enxergado algumas
das desvantagens de ser solteira, e agora eu estava lutando para conseguir
enxergar a mínima vantagem em continuar solteira.
Deus é o Presente Durante o Período de Solteira
Elisabeth Elliot
discute o presente do celibato em seu livro Let Me Be a Woman (Deixe-me
Ser uma Mulher). Ela escreve:
"Tendo
passado mais de quarenta e um anos como solteira, tenho aprendido que o
celibato é, de fato, um presente. Não é um presente que eu escolheria. Não é um
presente que muitas mulheres escolheriam. Mas nós não escolhemos as dádivas que
recebemos, está lembrada? Elas nos são dadas por um Provedor Divino que conhece
o final desde o começo, e que deseja acima de todas as coisas nos dar o
presente de Si Mesmo."
A honestidade na avaliação e admoestação de Elisabeth
Elliot sobre a dádiva do celibato é um bálsamo para a alma da mulher que não
desejaria nem optaria por permanecer solteira.
Ela conclui seus pensamentos dizendo: "é no
contexto das circunstâncias que Deus escolheu para nós – solteiras, casadas, ou
viúvas – que nós O recebemos. É neste contexto, e em nenhum outro, que Deus
revela a Si mesmo para nós. É neste contexto que Ele nos permite servi-Lo".
A
Perspectiva de Uma Mulher Solteira
Elizabeth Elliot e o apóstolo Paulo têm uma abordagem
similar com relação à dádiva do celibato. É famosa a exortação de Paulo aos solteiros
para usarem o dom de celibato como plataforma para o serviço a fim de "que façam o que é
direito e certo e que se entreguem ao serviço do Senhor com toda a dedicação." (1 Coríntios 7:35 NTLH)
Na prática, viver solteira e sem distrações me parecia
um paradoxo. Pois distraía-me a mentira de que o melhor da vida talvez nunca
chegasse para mim. Distraíam-me os pensamentos de que a minha alegria maior
somente poderia ser obtida se eu me casasse, e que talvez eu nunca fosse
experimentar esta alegria. Eu comecei a entregar-me à maneira de pensar sutil,
mas perigosa, de que a alegria plena da vida de alguém só pode vir através do
casamento.
Contudo, Salmos 16:11 não afirma que a alegria plena é
fruto do casamento. Ao invés, o salmista diz: "Tu me farás conhecer a
vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua
direita”. (NIV)
O
Formato Inesperado dos Presentes de Deus
O versículo citado acima e a promessa de alegria nele contida é a razão
pela qual Elisabeth Elliot pode afirmar às mulheres solteiras que o celibato é
de fato um presente. Ao invés de enxergar a vida de solteira como um lembrete
gritante de que algo me está faltando, eu enxergo que este presente é bom
porque o Provedor é bom. Se o fato de permanecer solteira me permite desfrutar
a dádiva da presença de Deus, e se na presença de Deus há plenitude de alegria,
não pode haver contestação de que o celibato é um presente.
Entender a dádiva do celibato é entender o
relacionamento entre servir e alegria. Entender que quando uma vida é dedicada
para servir um Deus Santo, há alegria. Entender que quando encontramos alegria
na presença de um Deus Santo, o serviço a Deus irá transbordar. Como um casamento,
estas verdades são duas experiências diferentes que diariamente tornam-se uma.
Quando o serviço e a alegria ocorrem simultaneamente,
há menos espaço em meu coração para o descontentamento ou solidão, pois o meu
coração está direcionado a ocupar-se das necessidades externas e das coisas de
Deus. Quando servir a Cristo e a alegria em Cristo ocorrem inseparavelmente em
minha vida, eu sou capaz de ver que cada presente dado por Deus é bom – mesmo que
não venha na forma de uma aliança de noivado.
©2016 Desiring God Foundation.
Traduzido com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley.