segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Nosso Inimigo Sem Dentes

John Piper


Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz. (Colossenses 2:13-15 NIV)

A razão que a união com Cristo faz grande diferença para o cristão é que Cristo alcançou no Calvário um triunfo decisivo sobre o diabo. Ele não removeu Satanás do mundo, mas Ele o desarmou de forma que a arma de condenação foi arrancada de sua mão.

Ele não pode acusar os cristãos de que seus pecados não foram perdoados. Portanto, ele não pode levá-los à ruína eterna. Ele pode machucá-los física e emocionalmente, até matá-los. Ele pode tentá-los e incitar outros contra eles. Mas ele não pode destruí-los.

O triunfo decisivo de Colossenses 2:13-15 é que a obrigação de pagar "a escrita de dívida, que nos era contrária" foi pregada na cruz. O diabo fez daquela dívida sua principal acusação contra nós. Agora, ele não tem acusação que seja legítima. O diabo está desarmado para fazer a coisa que ele mais quer contra nós – nos condenar. Ele não pode fazer isto. Cristo levou sobre Si a nossa condenação. O diabo está desarmado.

Outra maneira de dizer isto está em Hebreus 2:14-15: "[Cristo tornou-se humano] para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo, e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte." (NVI)

A morte ainda é nossa inimiga. Mas ela está sem suas presas. O aguilhão da morte era o pecado. E o poder de condenação do pecado consistia na obrigação de cumprir a lei. Somos gratos a Cristo que cumpriu a exigência da lei (1 Coríntios15:56-57).
 
By John Piper. ©2016 Desiring God Foundation. 
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).

Traduzido com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Qual a Disciplina Espiritual Que Mais Negligenciamos? (Pergunta 5)



Don Whitney



Ontem nós falamos a respeito das duas disciplinas espirituais mais importantes. Sua resposta foi muito útil. Hoje eu gostaria de perguntar a respeito da disciplina espiritual mais difícil. Eu sei que você ouve esta pergunta constantemente. Em sua experiência, qual a disciplina espiritual pessoal mais difícil de ser praticada com sucesso?

Minha observação pessoal e discussão sobre este assunto com várias pessoas é de que a disciplina mais difícil de ser praticada com consistência é o jejum – e o jejum é uma das disciplinas da qual todos já ouviram falar. O jejum é mencionado na Bíblia com mais frequência do que tópicos importantes como o batismo – aproximadamente 77 vezes em minhas contas. Quando comparamos o jejum com o batismo, este último é mencionado 75 vezes na Bíblia.

Então, as pessoas sabem da existência do jejum, mas elas não o praticam. Por exemplo, nós lemos em Mateus 4 ou Lucas 4 que Jesus jejuou por 40 dias e logo após foi tentado pelo diabo. Nós sempre mencionamos como Jesus recitou as Escrituras para resistir ao diabo. Nós sabemos que o jejum faz parte desta passagem, mas muitas vezes nós negligenciamos a parte que fala sobre os 40 dias de jejum. As pessoas não irão praticar aquilo que não lhes for ensinado.

Em geral, as pessoas não irão praticar algo que não lhes foi ensinado.  Se ninguém lhes ensinar a prática do jejum, geralmente as pessoas não irão praticá-lo. Se uma pessoa não for praticante do jejum, provavelmente ela não será uma defensora de sua prática. É difícil pregar um sermão a respeito do jejum ou ensinar uma lição a respeito do jejum quando você não pratica o jejum. Se você não está praticando o jejum, é difícil ser um defensor persuasivo da prática do jejum. Então, acredito que esta é uma das principais razões pelas quais as pessoas não jejuam. Elas nunca aprenderam a respeito da prática do jejum. 

Até mesmo para as pessoas que conhecem bem o ensino bíblico a respeito do jejum é difícil praticá-lo, pois dentre todas as outras disciplinas espirituais, você sente os efeitos do jejum em seu corpo. Quando você pratica esta disciplina, você sente a ausência da comida e isso causa um desconforto – e nós não gostamos de nos sentirmos desconfortáveis. 

John Piper ensina muito bem a respeito do jejum no livro Fome Por Deus. Eu gosto do título deste livro mais do que todos os outros títulos de John Piper, pois ele diz: A prática do jejum realmente acontece quando sua fome por Deus for maior do que sua fome pela comida que Deus criou para sustentar sua vida. Nunca haverá um tempo em que sua fome por Deus, para que Ele responda uma oração, para que Ele aja em sua vida, para que Ele aja em uma situação, será maior que a sua fome pela comida que Deus criou para sustentar sua vida. 

Entender o jejum deste ponto de vista é animador. O detalhe mais importante a respeito da prática do jejum que ajuda as pessoas (além de reconhecer que Jesus espera que o povo de Deus jejue – nós vemos isso nos Evangelhos) é jejuar com propósitos bíblicos. Em um dos meus livros, eu listo 10 propósitos bíblicos do jejum mencionados nas Escrituras. 

Por exemplo, obter resposta para uma oração é um propósito comum do jejum. Eu penso que a maioria das pessoas que jejuam pensam que esta prática é apenas algo que precisamos tolerar. “A Bíblia nos diz para jejuarmos. Eu não comerei por 24 horas”. Durante o tempo inteiro o estômago ronca, a cabeça dói e pensamos: “Estou com fome”. A próxima coisa que pensamos é: “Estou com fome porque estou jejuando”. E a seguir pensamos: “Quanto tempo até terminar este período de jejum?” O jejum é apenas algo para ser tolerado. É uma experiência horrível e egocêntrica. 

Ao invés disso, a experiência do jejum deve ser diferente. Quando seu estômago roncar, sua cabeça doer e você sentir fome, seu pensamento será o seguinte: “Estou com fome, mas hoje estou jejuando”. O pensamento seguinte deve ser: “Eu estou jejuando por um propósito determinado”. Digamos que o seu propósito é orar pela salvação de um filho. Toda vez durante o dia que você sentir fome, sua fome deve te levar a orar pela salvação de seu filho. O resultado é que você estará orando pela salvação de seu filho durante todo o dia. É isto o que você gostaria de fazer. Desta maneira, a sua fome serve para um propósito. Sua fome serve para alcançar seu propósito maior. O seu maior propósito não é tolerar a fome. Seu maior propósito é ver a salvação de seu filho.

Então, o erro de entendermos o jejum como algo apenas para ser tolerado, o erro de jejuarmos sem um propósito em mente durante todo o período do jejum, é a grande pedra de tropeço que dificulta o jejum para as pessoas que conhecem o ensinamento bíblico a respeito do assunto. Se as pessoas não conhecem o ensino bíblico, não podemos esperar que elas pratiquem aquilo que nunca lhes foi ensinado. Uma vez que as pessoas entendem o jejum, eu acredito que o maior problema é o erro de não determinarem um propósito bíblico quando elas iniciam a prática do jejum.

Recursos relacionados:

Pergunta 1: O que são disciplinas espirituais?

Pergunta 2: Por que precisamos tanto das disciplinas pessoais como das coletivas?

Pergunta 3: Como saber se estou praticando as disciplinas espirituais corretamente?

Pergunta 4: Quais disciplinas espirituais são mais importantes?

 

©2016 Desiring God Foundation. 
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).


Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Deus Provedor Recebe a Glória



John Piper



"Conscientes disso, oramos constantemente por vocês, para que o nosso Deus os faça dignos da vocação e, com poder, cumpra todo bom propósito e toda obra que procede da fé. Assim o nome de nosso Senhor Jesus será glorificado em vocês, e vocês nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo." (2 Tessalonicenses 1:11-12 NVI)

É excelente saber que Deus planejou que Sua glória fosse engrandecida através do exercício de Sua graça.

É certo que Deus é glorificado através do poder da Sua ira (Romanos 9:22), mas várias vezes o Novo Testamento (e o Antigo Testamento, em Isaías 30:18 por exemplo) diz que devemos experimentar a graça de Deus para que Deus receba a glória.

Pense na maneira como isto acontece na oração de 2 Tessalonicenses 1:11-12.

Paulo ora para que Deus cumpra os nossos bons propósitos.

Como? Ele ora para que eles sejam cumpridos "com poder [de Deus]". Ou seja, que eles se tornem "obra da fé".

Por quê? Para que Jesus seja glorificado em nós. 

Isto significa que o Deus Provedor recebe a glória. Se nós cumprimos um bom propósito "com poder [de Deus]", Ele recebe a glória. Nós temos fé; Ele nos dá poder. Nós recebemos a ajuda; Ele recebe a glória. Esta é a transação que nos mantêm humildes e felizes e mantém a Ele supremo e glorioso.

Então, Paulo diz que esta glorificação de Cristo é "segundo a graça de Deus e do Senhor Jesus".

Graça é a resposta de Deus para a oração de Paulo em nosso favor para que dependamos do poder de Deus para realizarmos boas obras. O poder de Deus que te capacita fazer o que você se propõe a fazer é graça.

Isto acontece desta maneira inúmeras vezes no Novo Testamento. Confie em Deus que graciosamente te capacita e Ele recebe a glória quando você recebe a ajuda. 

Nós recebemos a ajuda. Ele recebe a glória.

É por isto que a vida Cristã, e não somente a conversão, é uma excelente novidade.

By John Piper. ©2016 Desiring God Foundation. 
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).

Traduzido com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Quais Disciplinas Espirituais São Mais Importantes? (Pergunta 4)



Don Whitney



Sei que você ouve esta pergunta frequentemente, pois é uma pergunta importante. Na vida cristã, quais são as duas disciplinas espirituais pessoais de maior importância? 

A resposta para esta pergunta é bem evidente. As duas disciplinas espirituais pessoais mais importantes são o estudo da Palavra de Deus e a oração – e nesta ordem. Pois é muito mais importante nós ouvirmos Deus através de Sua Palavra, do que Deus nos ouvir através da oração.  

Então, é primordial que estas duas disciplinas sejam prioridade. Além disso, todas as outras disciplinas espirituais bíblicas se desenvolvem a partir destas duas – particularmente do estudo da Palavra de Deus (como o jejum ou outro ensinamento que encontramos na Palavra de Deus). Elas são definidas pela Palavra de Deus. A instrução que recebemos para praticar as disciplinas é proveniente da Palavra de Deus. 

O que eu tenho percebido é que as pessoas costumam dizer: “Eu frequento uma igreja teologicamente sólida e toda vez que estou na igreja, eu ouço a respeito do estudo da Bíblia e da oração, de uma forma ou de outra. Gostaria de ouvir algo diferente. Gostaria de ouvir algo mais exótico. Fale a respeito das disciplinas espirituais mais exóticas como o jejum, um retiro espiritual solitário ou escrever em um diário espiritual – fale a respeito de algo diferente”.

Se uma pessoa não está bem alicerçada e estabelecida na Palavra de Deus e em oração, ela não praticará o jejum nem manterá um diário espiritual. O alicerce é o estudo da Palavra de Deus e a oração. Eu digo estas coisas como uma dica para pastores e professores que estão ensinando as disciplinas espirituais. Se o seu ensino das disciplinas espirituais não tem como resultado básico que as pessoas tornem-se mais consistentes na Palavra e em oração, esqueça todas as outras disciplinas. Talvez as pessoas estejam mais interessadas em ouvir a respeito das outras disciplinas porque elas tenham ouvido menos a respeito delas e porque nós certamente queremos ensinar o que a Bíblia ensina a respeito delas. As demais disciplinas estão nas Escrituras, e nós queremos ensinar a respeito delas. Mas não permita que um interesse nas disciplinas menos evidentes impeça que as pessoas sejam mais consistentes em relação à Palavra de Deus e à oração.

Contudo, em relação a estas duas disciplinas espirituais pessoais mais importantes, eu tenho percebido que há um problema quase universal. No estudo da Palavra de Deus ocorre o seguinte: Mesmo os leitores da Bíblia que são mais comprometidos leem um capítulo, ou três capítulos, ou um número indeterminado de capítulos da Bíblia. Uma vez terminada a leitura, eles fecham a Bíblia. Na maioria dos dias, se eles fossem questionados, teriam que admitir no momento em que fecham a Bíblia: “Não me lembro de nada que eu li. Na realidade, na maioria dos dias eu não posso sequer me lembrar de qual passagem Bíblica eu li”.

Eu acredito que uma solução simples e definitiva para este problema é a meditação nas Escrituras. Não apenas ler, mas meditar. As pessoas dizem: “Eu simplesmente não me lembro do que eu li”. Digamos que uma pessoa gaste dois segundos lendo o versículo 1 de um capítulo Bíblico, depois ela gasta mais dois segundos lendo o versículo 2, e a seguir gasta mais dois segundos lendo o versículo 3, esta pessoa poderia ter mil experiências de dois segundos com a Palavra de Deus e não lembrar-se de absolutamente nada do que leu. Você consegue se lembrar de alguma coisa depois de observar algo por apenas dois segundos?

De vez em quando você se lembra de alguma coisa, mas geralmente não se lembra. Então, o problema não é a sua memória. O problema não é o seu QI. O problema não é o seu nível de educação formal. O problema é o seu método. Então, o meu conselho para estas pessoas é a meditação. Mas você poderia responder: “Você não entende. Eu tenho apenas alguns minutos por dia e estou fazendo o que está ao meu alcance da melhor maneira possível. Agora você me diz para adicionar algo mais. Eu não tenho tempo para adicionar a meditação”.

Digamos que você tem apenas dez minutos para se dedicar à Palavra de Deus. Não leia por dez minutos. Leia por cinco minutos. Medite durante os outros cinco minutos. Se necessário, é bem melhor ler por menos tempo e lembrar-se de alguma coisa do que ler por um tempo mais prolongado e não lembrar-se de nada. E com a oração, eu descobri que o problema quase universal é o seguinte: As pessoas costumam orar repetindo as mesmas coisas a respeito dos mesmos pedidos. Mais cedo ou mais tarde isto se tornará tedioso. Quando a oração se torna tediosa, você não terá vontade de orar. Quando você não tem vontade de orar, é difícil forçar-se a orar. A oração transforma-se em uma obrigação. É apenas uma oração obrigatória. Não há alegria. Não há vida. Não há sentimentos. 

Orar pelos mesmos pedidos continuamente é normal. Nossas vidas seguem uma tendência e consistem das mesmas coisas que se repetem dia após dia. Nossas vidas não experimentam mudanças drásticas de um dia para o outro com frequência. Então, uma solução simples e definitiva para este problema universal é a seguinte: Quando você orar, ore de acordo com uma passagem Bíblica, principalmente um Salmo. Se você fizer isto, você estará orando repetidamente pelos mesmos pedidos, mas você jamais repetirá as mesmas coisas a respeito dos mesmos pedidos. Você nunca terá a impressão de que esgotou o assunto. Você não precisará de outras anotações. Você não precisará de nenhum outro recurso. Apenas abra sua Bíblia. Converse com Deus sobre o que vem em mente a respeito do texto da Palavra de Deus, e você nunca mais repetirá as mesmas coisas sobre os mesmos pedidos.

Recursos relacionados:

Pergunta 1: O que são disciplinas espirituais?

Pergunta 2: Por que precisamos tanto das disciplinas pessoais como das coletivas?

Pergunta 3: Como saber se estou praticando as disciplinas espirituais corretamente?

Pergunta 5: Qual a disciplina espiritual que mais negligenciamos?



©2016 Desiring God Foundation. 
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).


Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Livramento Que Demora



John Piper 

"Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram." (Atos 16:26 NVI)
Nesta era em que vivemos, Deus resgata o Seu povo de alguns perigos. Ele não nos resgata de todo perigo. Há conforto em saber disto, pois senão, poderíamos concluir quando passamos por situações que nos prejudicam, que Deus tenha se esquecido de nós ou nos rejeitado.
Então, seja encorajado por este simples lembrete que, em Atos 16:19-24, Paulo e Silas não foram libertados, mas nos versículos 25 e 26, eles foram.
Inicialmente, não houve livramento:

  • "Agarraram Paulo e Silas e os arrastaram para a praça principal.” (v. 19 NVI)
  • "Os magistrados ordenaram que se lhes tirassem as roupas.” (v. 22 NVI)
  • Eles foram "severamente açoitados.” (v. 23 NVI)
  • O carcereiro "lhes prendeu os pés no tronco." (v. 24 NVI)

Mas então, eles experimentaram o livramento:
"Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus... De repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram." (verses 25–26)
Deus poderia ter interferido antes. Ele não interferiu. Ele tinha os Seus motivos. Ele amava Paulo e Silas.

Pergunta para você: se o enredo de sua vida pudesse ser contrastado com essa sucessão de eventos, aonde você se encontraria? Você estaria em uma fase na qual se encontra despido e açoitado, ou você está desfrutando de uma fase de livramento, sem correntes e com a porta totalmente aberta?
Ambas são fases do cuidado de Deus com você.


Se você está na fase das correntes, não se desespere. Cante. O livramento está chegando. É só uma questão de tempo. Mesmo que o livramento chegue através da morte.


By John Piper. ©2016 Desiring God Foundation. 
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).

Traduzido com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley