segunda-feira, 8 de junho de 2015

Adeus, Burger King?


John Piper

Um ouvinte de Louisville escreveu perguntando o seguinte: “Parece que nosso país está caminhando em uma direção na qual empresas como Hobby Lobby, Chick-fil-A e Burger King estão se pronunciando a respeito de tópicos que a Bíblia se posiciona claramente. Os cristãos devem ser proativos em apoiar empresas que se posicionam a favor dos ensinamentos bíblicos e evitar as empresas que contradizem as posições bíblicas?” Um outro ouvinte nos escreveu e perguntou: “Pastor John, você recentemente tweetou ‘Adeus, Burger King’ porque o Burger King manifestou apoio à homossexualidade. Com o seu tweet, você quer dizer que os cristãos não deveriam mais comer neste restaurante?”

O tweet a que ele se refere foi o seguinte: ‘Adeus, Burger King. Se você quer saber porque, assista os últimos cinco segundos do vídeo e chore’ e eu adicionei um link para um vídeo que o Burger King estava distribuindo. O que quis dizer com aquele adeus é que eu não tenho a intenção de comer mais lá. A situação pode mudar. Eles podem mudar. Eu posso mudar, mas neste momento o Burger King acabou para mim. Mas eu não quis dizer, e o tweet não quer dizer, que outras pessoas devem tomar uma decisão semelhante. Eu acredito que cristãos usufruem de liberdade para comer no Burger King independente da minha opinião. A resposta para esta pergunta é a seguinte: Não, eu não falei que cristãos deveriam parar de comer no Burger King. Eu disse: Eu não comerei mais no Burger King.

Eis a questão. Por que eu tomei esta decisão? O que me levou por esse caminho? E para ser honesto houve dois níveis. O nível do instinto e o nível da reflexão. E o nível bíblico da reflexão deve sempre determinar o instinto, mas irei compartilhar o instinto com vocês, porque penso que a maioria de nossas vidas é vivida no nível do instinto e precisamos moldar nossas mentes de acordo com as Escrituras para que o instinto seja bom. Este é o grande plano da vida cristã.

Na realidade, porque sou movido por meu instinto, eu devo sempre refletir e examinar a situação. Então, aqui vai o meu instinto. Eu achei o vídeo promocional do Burger King repugnante por causa da linguagem, imoral por causa do apoio ao pecado sexual e de partir o coração por causa da exploração infantil, pois termina com uma menininha de uns quatro anos abraçando duas mulheres e dizendo: Eu amo minhas duas mamães.

Instintivamente eu fiquei revoltado, irritado e não quero participar de forma alguma com esse tipo de propaganda vulgar e destrutivo. Mas todos nós devemos sempre conferir nossas reações instintivas com base nas Escrituras, uma vez que somos todos imperfeitos na maneira que reagimos às coisas. Então, a seguir, explico a reflexão que me levou a dizer adeus ao Burger King. É uma aplicação de 1 Coríntios 10:27-29. Eis o que diz o texto, veja se você acha que se aplica neste contexto: Se algum descrente o convidar para uma refeição e você quiser ir, coma de tudo o que lhe for apresentado, sem nada perguntar por causa da consciência. Mas se alguém lhe disser: ‘Isto foi oferecido em sacrifício’, não coma, tanto por causa da pessoa que o comentou, como da consciência, isto é, da consciência do outro e não da sua própria. Pois, por que minha liberdade deve ser julgada pela consciência dos outros?” (NVI)

Então, aqui está a minha aplicação deste texto em relação ao Burger King. Eles me convidam, através de sua existência e propaganda, para comer dos hambúrgueres deles. Eu tenho total liberdade para comer lá. Já fui várias vezes sem fazer nenhuma pesquisa para saber qual a crença dos administradores do Burger King em assuntos de qualquer natureza. Eu não me importo com isso. O que eles acreditam não é público e eles estão apenas vendendo os hambúrgueres. Eu gosto de hambúrgueres. Eu como os hambúrgueres. Não importa se eles são ambiciosos, racistas ou sexualmete ilícitos. Eu tenho a liberdade de desfrutar dos hambúrgueres como produto, não como a promoção de uma agenda que eu possa considerar uma afronta e pecaminosa. Os administradores da cúpula do Burger King podem até ser mulherengos e racistas ao extremo e eu não estou ciente disso. Eu estou apenas desfrutando o meu hambúrguer, e a minha consciência não está comprometida, e eu não sou responsável pelas motivações da empresa. E eu não sou contaminado pelo pecado deles. 

Mas então aparece este vídeo onde os líderes do Burger King estão fazendo um esforço fora do normal para que as pessoas saibam da posição deles. Em outras palavras, o Burger King está colocando o assunto em evidência. Eles é que estão colocando o assunto em evidência. Estão evidenciando que os hambúrgueres que eles vendem apoiam e endossam a relação homossexual. Eles não estão falando simplesmente sobre a realidade da atração pelo mesmo sexo. Nós todos temos que pensar nesse assunto. É uma realidade. É a realidade do pecado. Nós já escrevemos muitos blogs, já falamos a respeito da mágoa e de como lidar com a atração pelo mesmo sexo. Não é apenas isso. Eles estão apoiando a relação homossexual com grande alarde. Eles querem registrar publica e abertamente que os restaurantes da rede Burger King defendem a relação homossexual. Quando isso acontece, eu estou na mesma situação do que a pessoa em 1 Coríntios 10, cujo anfitrião lhe diz: Eu gostaria de te informar que esta carne que estou te servindo é porque estamos celebrando o sacrifício para um ídolo. Então Paulo diz: A partir deste momento, a sua liberdade de comer na casa de um descrente, liberdade que você certamente tem, é anulada por um ato de amor que diz o seguinte: Esta carne não é mais simplesmente carne. É um símbolo do pecado. Então, para evitar confundir seu anfitrião e qualquer outra pessoa que esteja te observando, não coma, porque a conexão da carne com o ídolo transforma sua decisão de comê-la em um tipo de apoio, ou no mínimo uma manifestação de indiferença em relação à idolatria.

O meu chamado não é para levantar uma cruzada contra o Burger King. Não sou chamado para liderar um boicote. Meu chamado é para ter uma consciência limpa e um testemunho evidente. O Burger King escolheu fazer de sua rede de restaurantes um símbolo público e audaz do apoio ao pecado. É por isso que eu digo, “Adeus.” 

By John Piper. ©2015 Desiring God Foundation. 
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).
http://www.desiringgod.org/interviews/goodbye-burger-king (texto original e audio da entrevista em inglês).

Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere