Nancy
Leigh DeMoss
Lembro anos atrás de conversar com uma jovem mãe que tinha uma criança
de dois anos e gêmeos de um ano de idade. Ela disse com um suspiro: "Eu nunca
fui uma pessoa impaciente até nascerem os gêmeos!"
Essa mulher acreditava naquilo que a maioria de nós, uma ou outra vez,
também acreditamos: que nós somos da maneira que somos por causa das nossas
circunstâncias.
A implicação disso é que as nossas circunstâncias nos fazem o que somos.
Talvez você já passou por uma situação e, como eu, disse assim: "Ela me
irritou tanto!" O que estamos dizendo é o seguinte: "Eu sou uma
mulher verdadeiramente gentil, amável, controlada e cheia do Espírito. Mas você
não acreditaria no que ela fez!"
Nós insistimos: "Eu não teria perdido a classe se meu filho não
tivesse jogado tinta na máquina de lavar cheia de roupas e depois lambuzado os
móveis da sala com manteiga!"
Ou então: "Eu não teria tantos problemas em meu casamento se os
meus pais não tivessem me abusado verbalmente e me feito sentir sem
valor!"
Ou ainda: "Eu não seria tão amarga se o meu marido não tivesse
fugido com outra mulher."
Nós estamos dizendo: "Alguém ou alguma coisa fez com que eu fosse
dessa maneira." Nós sentimos que se as circunstâncias fossem diferentes (nossa
criação, nosso ambiente, as pessoas ao nosso redor), nós seríamos diferentes.
Nós seríamos mais pacientes, mais amáveis, mais consistentes, mais fáceis de
conviver.
Se as nossas circunstâncias nos fazem o que somos, então todos nós somos
vítimas. Isso é justamente o que o Inimigo quer que acreditemos. Porque se
somos vítimas, então não somos responsáveis (pois não podemos deixar de ser o
que somos).
Mas Deus diz que somos responsáveis (não pela falha dos outros), mas
pela maneira como reagimos e por nossas vidas.
O jogo do "se apenas"
A verdade é que as nossas circunstâncias não nos fazem o que somos. Elas
somente revelam o que somos.
Aquela mãe exasperada, que acredita que nunca fora impaciente até que
teve gêmeos, não entende que ela sempre foi uma pessoa impaciente; ela só não
havia percebido o quão impaciente ela era até que Deus trouxe certas
circunstâncias na vida dela a fim de revelar o que ela realmente era – e para
que Ele a pudesse transformar.
O Inimigo nos convence de que a única maneira de sermos diferentes é se
as nossas circunstâncias mudarem. Então, nós jogamos o jogo do "se apenas":
Se apenas não tivéssemos que nos mudar... Se apenas vivêssemos próximos de
nossos pais... Se apenas tivéssemos uma
casa maior (mais armários, mais espaço)... Se apenas tivéssemos mais
dinheiro... Se apenas meu marido não tivesse que trabalhar tantas horas... Se apenas
eu fosse casada... Se apenas eu fosse casada com outra pessoa... Se apenas eu
tivesse filhos... Se apenas eu não tivesse tantos filhos... Se apenas eu não
tivesse perdido um filho... Se apenas meu marido se comunicasse comigo... Se apenas meu marido fosse um líder
espiritual...
Nós temos sido enganados a acreditar que seríamos mais felizes se
tivéssemos outras circunstâncias. A Verdade é que se não estamos contentes com
as nossas circunstâncias atuais, provavelmente não seremos felizes em outras
circunstâncias.
Quando tinha uns cinquenta anos, Elizabeth Prentiss, uma escritora do século
XIX, descobriu que o seu marido estaria assumindo um novo emprego que os faria
mudar de seu lar em Nova York para Chicago. A mudança significaria deixar todos
os seus amigos e representava um perigo para a sua frágil saúde. Em uma carta
para uma amiga, ela escreveu:
Nós não queremos
saber a vontade de ninguém, apenas a vontade de Deus nessa questão... A
experiência do inverno passado me ensinou que lugar e posição não tem quase
nada a ver com felicidade; que podemos ser miseráveis em um palácio, radiantes
em um calabouço. Talvez essa experiência devastadora seja exatamente o que
precisamos para relembrar... que somos peregrinos e estrangeiros nessa terra.
A mulher de George Washington, Martha, expressou a mesma convicção em
uma carta escrita para a sua amiga Mercy Warren:
Eu ainda estou
determinada a ser feliz e alegre em qualquer situação em que esteja; porque eu
também aprendi, por experiência, que a maior parte de nossa alegria ou miséria
depende da nossa disposição e não das nossas circunstâncias. Nós carregamos a
semente de uma ou de outra dentro de nós, em nossas mentes, aonde quer que
formos.
Aprendendo a se contentar
O apóstolo Paulo aprendeu que ele poderia se regozijar, se contentar e
ser frutífero em qualquer circunstância porque a sua alegria e o seu bem estar
não eram dependentes de suas circunstâncias, mas no duradouro amor e fidelidade
de Deus e nas condições de seu relacionamento com Deus. Ele escreveu: "Não estou dizendo isso porque esteja
necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o
que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver
contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo
muito, ou passando necessidade" (Filipenses 4:11-12 NVI).
Paulo entendeu que talvez não sejamos capazes de controlar as nossas
circunstâncias, mas as nossas circunstâncias não devem nos controlar.
A Verdade é que podemos confiar em um Deus sábio, amável e soberano para
controlar cada circunstância em nossas vidas.
Alegria, paz e estabilidade vêm do acreditar que cada circunstância que
toca as nossas vidas tem sido primeiro filtradas através dos dedos amorosos de
Deus e é parte do plano grandioso e eterno que Ele está trabalhando neste mundo
e em nossas vidas.
© Revive
Our Hearts. By Nancy Leigh
DeMoss.
www.reviveourhearts.com (website em
inglês).
https://avivanuestroscorazones.com/resource-library/topics/portugues/
(website em espanhol com alguns recursos em português).
https://reviveourhearts.com/articles/playing-the-if-only-game/(texto original em inglês).
Traduzido com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley.