sexta-feira, 5 de junho de 2015

O Jogo do "Se Apenas"


Nancy Leigh DeMoss


Lembro anos atrás de conversar com uma jovem mãe que tinha uma criança de dois anos e gêmeos de um ano de idade. Ela disse com um suspiro: "Eu nunca fui uma pessoa impaciente até nascerem os gêmeos!"



Essa mulher acreditava naquilo que a maioria de nós, uma ou outra vez, também acreditamos: que nós somos da maneira que somos por causa das nossas circunstâncias.



A implicação disso é que as nossas circunstâncias nos fazem o que somos. Talvez você já passou por uma situação e, como eu, disse assim: "Ela me irritou tanto!" O que estamos dizendo é o seguinte: "Eu sou uma mulher verdadeiramente gentil, amável, controlada e cheia do Espírito. Mas você não acreditaria no que ela fez!"



Nós insistimos: "Eu não teria perdido a classe se meu filho não tivesse jogado tinta na máquina de lavar cheia de roupas e depois lambuzado os móveis da sala com manteiga!"



Ou então: "Eu não teria tantos problemas em meu casamento se os meus pais não tivessem me abusado verbalmente e me feito sentir sem valor!"



Ou ainda: "Eu não seria tão amarga se o meu marido não tivesse fugido com outra mulher."



Nós estamos dizendo: "Alguém ou alguma coisa fez com que eu fosse dessa maneira." Nós sentimos que se as circunstâncias fossem diferentes (nossa criação, nosso ambiente, as pessoas ao nosso redor), nós seríamos diferentes. Nós seríamos mais pacientes, mais amáveis, mais consistentes, mais fáceis de conviver.



Se as nossas circunstâncias nos fazem o que somos, então todos nós somos vítimas. Isso é justamente o que o Inimigo quer que acreditemos. Porque se somos vítimas, então não somos responsáveis (pois não podemos deixar de ser o que somos).



Mas Deus diz que somos responsáveis (não pela falha dos outros), mas pela maneira como reagimos e por nossas vidas.



O jogo do "se apenas"



A verdade é que as nossas circunstâncias não nos fazem o que somos. Elas somente revelam o que somos.



Aquela mãe exasperada, que acredita que nunca fora impaciente até que teve gêmeos, não entende que ela sempre foi uma pessoa impaciente; ela só não havia percebido o quão impaciente ela era até que Deus trouxe certas circunstâncias na vida dela a fim de revelar o que ela realmente era – e para que Ele a pudesse transformar.



O Inimigo nos convence de que a única maneira de sermos diferentes é se as nossas circunstâncias mudarem. Então, nós jogamos o jogo do "se apenas": Se apenas não tivéssemos que nos mudar... Se apenas vivêssemos próximos de nossos pais...  Se apenas tivéssemos uma casa maior (mais armários, mais espaço)... Se apenas tivéssemos mais dinheiro... Se apenas meu marido não tivesse que trabalhar tantas horas... Se apenas eu fosse casada... Se apenas eu fosse casada com outra pessoa... Se apenas eu tivesse filhos... Se apenas eu não tivesse tantos filhos... Se apenas eu não tivesse perdido um filho... Se apenas meu marido se comunicasse comigo...  Se apenas meu marido fosse um líder espiritual...



Nós temos sido enganados a acreditar que seríamos mais felizes se tivéssemos outras circunstâncias. A Verdade é que se não estamos contentes com as nossas circunstâncias atuais, provavelmente não seremos felizes em outras circunstâncias.



Quando tinha uns cinquenta anos, Elizabeth Prentiss, uma escritora do século XIX, descobriu que o seu marido estaria assumindo um novo emprego que os faria mudar de seu lar em Nova York para Chicago. A mudança significaria deixar todos os seus amigos e representava um perigo para a sua frágil saúde. Em uma carta para uma amiga, ela escreveu:



Nós não queremos saber a vontade de ninguém, apenas a vontade de Deus nessa questão... A experiência do inverno passado me ensinou que lugar e posição não tem quase nada a ver com felicidade; que podemos ser miseráveis em um palácio, radiantes em um calabouço. Talvez essa experiência devastadora seja exatamente o que precisamos para relembrar... que somos peregrinos e estrangeiros nessa terra.



A mulher de George Washington, Martha, expressou a mesma convicção em uma carta escrita para a sua amiga Mercy Warren:



Eu ainda estou determinada a ser feliz e alegre em qualquer situação em que esteja; porque eu também aprendi, por experiência, que a maior parte de nossa alegria ou miséria depende da nossa disposição e não das nossas circunstâncias. Nós carregamos a semente de uma ou de outra dentro de nós, em nossas mentes, aonde quer que formos.



Aprendendo a se contentar



O apóstolo Paulo aprendeu que ele poderia se regozijar, se contentar e ser frutífero em qualquer circunstância porque a sua alegria e o seu bem estar não eram dependentes de suas circunstâncias, mas no duradouro amor e fidelidade de Deus e nas condições de seu relacionamento com Deus. Ele escreveu: "Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade" (Filipenses 4:11-12 NVI).



Paulo entendeu que talvez não sejamos capazes de controlar as nossas circunstâncias, mas as nossas circunstâncias não devem nos controlar.



A Verdade é que podemos confiar em um Deus sábio, amável e soberano para controlar cada circunstância em nossas vidas.



Alegria, paz e estabilidade vêm do acreditar que cada circunstância que toca as nossas vidas tem sido primeiro filtradas através dos dedos amorosos de Deus e é parte do plano grandioso e eterno que Ele está trabalhando neste mundo e em nossas vidas.


© Revive Our Hearts. By Nancy Leigh DeMoss.
www.reviveourhearts.com (website em inglês).
https://avivanuestroscorazones.com/resource-library/topics/portugues/ (website em espanhol com alguns recursos em português).



Traduzido com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley.