segunda-feira, 11 de abril de 2016

O Problema Agonizante da Certeza da Salvação


John Piper




O problema mais agonizante em relação à certeza da salvação não é determinar se os fatos objetivos do cristianismo são verdadeiros (Deus existe, Cristo é Deus, Cristo morreu no lugar de pecadores, Cristo ressuscitou dentre os mortos, Cristo salva eternamente todos os que acreditam, etc.). Estes fatos são o alicerce fundamental de nossa fé. Mas o problema realmente agonizante da certeza da salvação é determinar se eu sou pessoalmente salvo devido a estes fatos.

A questão é determinar se eu tenho a fé que salva. O que torna este problema agonizante – para quem participou da história da igreja no passado e também nos dias de hoje – é que muitos pensam que possuem a fé que salva, mas não a possuem. Por exemplo, em Mateus 7:21-23, Jesus diz: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!”

Então, a questão agonizante é a seguinte: “Eu realmente tenho a fé que salva? A minha fé é verdadeira? Eu estou enganando a mim mesmo?” Algumas pessoas bem-intencionadas tentam minimizar o problema transformando a fé em uma mera decisão de afirmar certas verdades, tais como: “Jesus é Deus, e Ele morreu por meus pecados”.  Algumas pessoas, na tentativa de ajudar a criar esta certeza da salvação, negam que uma transformação de vida seja necessária para demonstrar a realidade da fé. Estas pessoas acham um jeito de distorcer o verdadeiro significado de Tiago 2:17, onde lemos que “a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta”. Mas estas tentativas de ajudar as pessoas a terem certeza da salvação produzem efeitos negativos. Elas negam parte das Escrituras; e até mesmo a pequena fé restante pode sofrer a agonia de repetidos ciclos de dúvida que atormentam a alma. Estas tentativas não resolvem o problema, nem se baseiam na verdade. O pior de tudo, é que algumas vezes elas produzem certeza de salvação em pessoas que não deveriam ter esta certeza.

Ao invés de minimizar a miraculosa, profunda e transformadora capacidade da fé, e ao invés de negar que há mudanças de vida que são necessárias para demonstrar a realidade da fé, nós deveríamos lidar com a questão da certeza da salvação de outra maneira. Deveríamos começar esta jornada entendendo que há uma garantia objetiva que assegura minha confiança no perdão de Deus para os meus pecados, e há uma garantia subjetiva que assegura o perdão de Deus para os meus pecados. A garantia objetiva é a obra que foi completada por Cristo na cruz e que “aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados” (Hebreus 10:14). A garantia subjetiva é a nossa fé sendo demonstrada ao sermos “santificados”.

Em seguida, devemos entender que a fé que salva é composta de duas partes. Primeiramente, a fé é a visão espiritual da glória (ou da beleza) do Cristo dos evangelhos.  Em outras palavras, quando você ouve ou lê a respeito daquilo que Deus fez pelos pecadores através da cruz e da ressurreição de Jesus, o seu coração enxerga esta obra como algo magnífico e glorioso mesmo antes de você ter certeza de que você foi salvo através delas. Este meu pensamento originou-se com base em 2 Coríntios 4:4, onde Paulo diz que Satanás cega o entendimento dos incrédulos “para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” Para que a fé seja verdadeira, deve haver uma “luz” sobrenatural que Deus faz brilhar no coração para que nós vejamos Cristo em Sua glória e majestade (2 Coríntios 4:6). Isto acontece pela obra do Espírito de Deus através da proclamação do evangelho.

Em segundo lugar, a fé é quando confiamos assegurados na garantia do glorioso evangelho para nossa salvação pessoal. Eu digo que é uma “confiança assegurada” porque existe uma “confiança que não é assegurada” – pessoas que pensam ser salvas e não são, pois elas nunca enxergaram a glória de Cristo nem foram atraídas pela glória de Cristo. Estas pessoas apenas acreditam como forma de escapar do julgamento, não porque elas enxergam Cristo como o Ser mais majestoso e desejável dentre todas as coisas. Mas para aqueles que enxergam a “a luz do evangelho da glória de Cristo,” a confiança deles é assegurada.

De maneira prática, isto significa que devemos direcionar nossa atenção continuamente para a cruz e para a obra de Deus através de Cristo, pois é ali que Deus faz brilhar a luz do evangelho. Devemos também orar constantemente para que Deus ilumine os olhos de nossos corações (Efésios 1:18). E devemos amar uns aos outros; pois, como disse João: “Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos” (1 João 3:14). Por fim, a certeza da salvação é um presente precioso de Deus. Oremos uns pelos outros para que esta certeza seja abundante em nosso meio.


By John Piper. ©2016 Desiring God Foundation. 
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).
http://www.desiringgod.org/articles/the-agonizing-problem-of-the-assurance-of-salvation (texto original em inglês).

Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere