quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Duas Palavras Para Acabar com a Autocondenação




Christine Hoover




Eu não sou amável. Eu deveria ser, mas não sou.


Isto é o que pensava comigo mesma enquanto estacionava na garagem, fechava o portão atrás de mim e assentava-me confortavelmente no refúgio de meu lar e longe da opinião de terceiros.


Eu tinha acabado de pensar em alguém que é muitíssimo amável, o quanto eu a admiro e o quanto eu gostaria de ser mais amável. Eu não conseguia evitar os muitos pensamentos que me condenavam em relação à todas as características que eu não possuo.


Não era a primeira vez que eu passara por esse tipo de situação. Os pensamentos falam tão alto que parecem reais e verdadeiros.


  • Eu não sou amável o suficiente.
  • Eu não sou o suficiente para meus amigos e meu esposo. Eu deveria estar fazendo mais.
  • Eu não sou uma boa mãe o suficiente.
  • Eu apresento todas as características ruins em demasia e não apresento o suficiente das boas características.
  • Eu não sou uma cristã boa o suficiente para que Deus me use.
  • Eu não posso de forma alguma desenvolver-me na área em que Deus me capacitou, pois todos verão minhas falhas e fraquezas e apontarão os dedos na minha direção.

Eu já conversei com mulheres o bastante para saber que eu não sou a única que fica atolada em pensamentos de insuficiência. Nós somos duras com nós mesmas, rápidas para apontar um dedo em nossa própria direção e inclinadas a acreditarmos que nossos pensamentos de condenação são provenientes do próprio Deus.


Pensando Sobre Nossos Pensamentos


Então, o que fazer quando a pequena culpa que nos persegue o dia todo em relação ao nosso cuidado com os filhos tornar-se mais acentuada e insistente? O que fazer quando a comparação com os outros se infiltrar em nossas mentes repentinamente e começarmos a desejar ser alguém que não somos? O que fazer quando formos tomadas por pensamentos do tipo “eu não sou boa o suficiente”?


Nós precisamos criar o hábito de pensarmos sobre os pensamentos que ocupam nossa mente a fim de recusarmos acreditar em tudo que se infiltra nela. Uma das verdades mais úteis e vivificantes na luta contra o pensamento de que “eu não sou boa o suficiente” é que o papel de convencer-me do pecado cabe ao Espírito Santo – e não a nós mesmas.


Há uma enorme diferença entre a autocondenação e a convicção proveniente do Espírito Santo. Quando Deus nos convence do pecado, Ele é específico conosco a respeito de nosso pecado. Por exemplo: “Você pecou ao negar perdão quando sua amiga se desculpou”. Deus usa passagens bíblicas específicas. E a bondade de Deus para conosco nos leva a concluir a situação com esperança, arrependimento e dependência de Deus.


Ao contrário, a autocondenação e a condenação proveniente do inimigo são bem vagas, acusatórias e derrotistas. Elas apontam para a própria pessoa: “Esforce-se mais e faça melhor”. Eu posso fazer uma lista com planos de ação, escrever lembretes para não esquecer-me deles e fazer votos de que vou mudar, mas vou acabar voltando ao mesmo ponto de onde comecei – afundada em culpa e condenação. 


Despindo-se da Autocondenação


Quando temos sentimentos de condenação, nossa reação imediata é de nos escorarmos em pensamentos que elevam nossa autoestima ou nos voltarmos para pessoas que nos elogiam. Essas táticas são apenas muletas. A verdade é que ninguém é bom o suficiente. 


Você já leu nas Escrituras Sagradas o que Jesus nos pede para fazer? Alegre-se sempre. Considere uma bênção passar por tribulações. Ame seus inimigos. Coloque as necessidades de seu próximo acima de suas próprias necessidades.


Então, como posso despir-me da autocondenação e adornar-me da verdade bíblica? A dura verdade é que eu não posso fazer essas coisas. Eu verdadeiramente não sou boa o suficiente.


Pode parecer contraintuitivo lutar contra o conceito de que “não sou boa o suficiente” concordando que não somos boas o suficiente, mas este é o primeiro passo em direção à alegria duradoura.


Mas não é o último passo. Para encontrar essa alegria, nós precisamos de ajuda. Ao invés de voltar ao ciclo de fazer votos e do esforço próprio, nós devemos aprender a olhar para nossas insuficiências e adicionar duas palavras no final da frase: Mas Deus ou Mas Cristo.


Mas Deus


Funciona da seguinte maneira (abaixo estão cinco exemplos):


1. Eu me encontrava espiritualmente morta em meus pecados, mas Deus tornou-me espiritualmente viva.

“Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou...” (Efésios 2:4 NVI)

2. Eu não cumpro o chamado de obedecer aos justos mandamentos de Deus, mas Deus enviou-me o Espírito Santo para ajudar-me. Agora eu tenho toda a ajuda de que preciso e irei recorrer a esta ajuda.

“Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos. Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador... Não vou deixá-los abandonados, mas voltarei para ficar com vocês” (João 14:15-18 NTLH).

3. Eu não sou boa o suficiente, mas Cristo em mim faz com que eu não apenas seja boa o suficiente, mas também justificada e santificada. Por causa de Cristo, eu jamais receberei a condenação de Deus.


“Deus carregou todo o nosso pecado sobre Cristo, que estava isento de qualquer pecado, para que nele fôssemos revestidos da justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21 O Livro).

4. Eu não tenho a capacidade de viver como um cristão apenas através de meu próprio esforço, mas Cristo vive em mim. Eu vivo pela fé, não por esforço próprio.


“Eu estou crucificado com Cristo; e apesar de continuar a viver, já não é o meu eu quem domina, mas é Cristo quem vive em mim. E o resto da minha existência nesta terra é o resultado da fé que eu tenho no Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2:20 O Livro).

5. Há coisas que eu não sei fazer bem, mas Deus me criou e me chamou para servi-LO com alegria em áreas específicas.

Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Efésios 2:10).


Que doce paz é poder descansar baseada no que Cristo fez ao invés de analisar, avaliar e defender nossas próprias habilidades! Que alegria saber que Deus já supriu tudo que é necessário para a minha salvação e também para o meu viver diário! Devemos esperar pelos frutos da paz e da alegria quando adicionamos “mas Deus” às situações em que “não somos boas o suficiente”.

Quando estacionei na garagem naquele dia e orei silenciosamente, eu escolhi me desfazer dos meus medos gerados pela autocondenação. Eu escolhi distanciar minha mente de tudo o que eu não sou e pensar naquilo que sou por causa da graça de Deus. 

Pela graça eu fui liberta para enxergar minhas atividades, minhas responsabilidades e minhas oportunidades através dos olhos da fé e de confiar em Deus. Eu escolhi acreditar que eu não tenho nenhuma razão para temer, especialmente em relação aos outros e suas opiniões a meu respeito. Eu escolhi acreditar nas promessas que se iniciam com “mas Deus” ao invés de acreditar na autocondenação daquilo que “eu não sou boa o suficiente”. 

©2015 Desiring God Foundation
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).

Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere.