Christine Hoover
Eu não sou amável. Eu deveria ser, mas não
sou.
Isto é o que pensava comigo mesma enquanto
estacionava na garagem, fechava o portão atrás de mim e assentava-me
confortavelmente no refúgio de meu lar e longe da opinião de terceiros.
Eu tinha acabado de pensar em alguém que é
muitíssimo amável, o quanto eu a admiro e o quanto eu gostaria de ser mais amável.
Eu não conseguia evitar os muitos pensamentos que me condenavam em relação à
todas as características que eu não possuo.
Não era a primeira vez que eu passara por
esse tipo de situação. Os pensamentos falam tão alto que parecem reais e
verdadeiros.
- Eu não sou amável o suficiente.
- Eu não sou o suficiente para meus amigos e meu esposo. Eu deveria estar fazendo mais.
- Eu não sou uma boa mãe o suficiente.
- Eu apresento todas as características ruins em demasia e não apresento o suficiente das boas características.
- Eu não sou uma cristã boa o suficiente para que Deus me use.
- Eu não posso de forma alguma desenvolver-me na área em que Deus me capacitou, pois todos verão minhas falhas e fraquezas e apontarão os dedos na minha direção.
Eu já conversei com mulheres o bastante
para saber que eu não sou a única que fica atolada em pensamentos de insuficiência.
Nós somos duras com nós mesmas, rápidas para apontar um dedo em nossa própria
direção e inclinadas a acreditarmos que nossos pensamentos de condenação são
provenientes do próprio Deus.
Pensando Sobre Nossos Pensamentos
Então, o que fazer quando a pequena culpa
que nos persegue o dia todo em relação ao nosso cuidado com os filhos tornar-se
mais acentuada e insistente? O que fazer quando a comparação com os outros se
infiltrar em nossas mentes repentinamente e começarmos a desejar ser alguém que
não somos? O que fazer quando formos tomadas por pensamentos do tipo “eu não
sou boa o suficiente”?
Nós precisamos criar o hábito de pensarmos
sobre os pensamentos que ocupam nossa mente a fim de recusarmos acreditar em
tudo que se infiltra nela. Uma das verdades mais úteis e vivificantes na luta
contra o pensamento de que “eu não sou boa o suficiente” é que o papel de
convencer-me do pecado cabe ao Espírito Santo – e não a nós mesmas.
Há uma enorme diferença entre a autocondenação
e a convicção proveniente do Espírito Santo. Quando Deus nos convence do
pecado, Ele é específico conosco a respeito de nosso pecado. Por exemplo: “Você
pecou ao negar perdão quando sua amiga se desculpou”. Deus usa passagens
bíblicas específicas. E a bondade de Deus para conosco nos leva a concluir a
situação com esperança, arrependimento e dependência de Deus.
Ao contrário, a autocondenação e a
condenação proveniente do inimigo são bem vagas, acusatórias e derrotistas.
Elas apontam para a própria pessoa: “Esforce-se mais e faça melhor”. Eu posso
fazer uma lista com planos de ação, escrever lembretes para não esquecer-me
deles e fazer votos de que vou mudar, mas vou acabar voltando ao mesmo ponto de
onde comecei – afundada em culpa e condenação.
Despindo-se da Autocondenação
Quando temos sentimentos de condenação,
nossa reação imediata é de nos escorarmos em pensamentos que elevam nossa
autoestima ou nos voltarmos para pessoas que nos elogiam. Essas táticas são
apenas muletas. A verdade é que ninguém é bom o suficiente.
Você já leu nas Escrituras Sagradas o que
Jesus nos pede para fazer? Alegre-se sempre. Considere uma bênção passar por
tribulações. Ame seus inimigos. Coloque as necessidades de seu próximo acima de
suas próprias necessidades.
Então, como posso despir-me da autocondenação
e adornar-me da verdade bíblica? A dura verdade é que eu não posso fazer essas
coisas. Eu verdadeiramente não sou boa o suficiente.
Pode parecer contraintuitivo lutar contra
o conceito de que “não sou boa o suficiente” concordando que não somos boas o
suficiente, mas este é o primeiro passo em direção à alegria duradoura.
Mas não é o último passo. Para encontrar
essa alegria, nós precisamos de ajuda. Ao invés de voltar ao ciclo de fazer
votos e do esforço próprio, nós devemos aprender a olhar para nossas insuficiências
e adicionar duas palavras no final da frase: Mas Deus ou Mas Cristo.
Mas Deus
Funciona da seguinte maneira (abaixo estão
cinco exemplos):
1. Eu me encontrava espiritualmente morta em meus pecados, mas Deus tornou-me espiritualmente viva.
“Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos
amou...” (Efésios 2:4 NVI)
“Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos. Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador... Não vou deixá-los
abandonados, mas voltarei para ficar com vocês” (João 14:15-18 NTLH).
“Deus carregou todo o nosso pecado sobre Cristo, que
estava isento de qualquer pecado, para que nele fôssemos revestidos da justiça
de Deus” (2 Coríntios 5:21 O Livro).
4. Eu não tenho a capacidade de viver como um cristão apenas através de meu próprio esforço, mas Cristo vive em mim. Eu vivo pela fé, não por esforço próprio.
“Eu estou crucificado com Cristo; e apesar de
continuar a viver, já não é o meu eu quem domina, mas é Cristo quem vive em
mim. E o resto da minha existência nesta terra é o resultado da fé que eu tenho
no Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas
2:20 O Livro).
“Porque
somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as
quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Efésios 2:10).
Quando estacionei na garagem naquele dia e orei silenciosamente, eu escolhi me desfazer dos meus medos gerados pela autocondenação. Eu escolhi distanciar minha mente de tudo o que eu não sou e pensar naquilo que sou por causa da graça de Deus.
Pela graça eu fui liberta para enxergar minhas atividades, minhas responsabilidades e minhas oportunidades através dos olhos da fé e de confiar em Deus. Eu escolhi acreditar que eu não tenho nenhuma razão para temer, especialmente em relação aos outros e suas opiniões a meu respeito. Eu escolhi acreditar nas promessas que se iniciam com “mas Deus” ao invés de acreditar na autocondenação daquilo que “eu não sou boa o suficiente”.
©2015 Desiring God Foundation
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em
português).
http://www.desiringgod.org/articles/two-words-to-stop-self-condemnation (texto original em inglês).
Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere.