Jackie Hill Perry
“Por que você quer fazer isso?” – perguntei em tom de
urgência e com o coração apertado.
“Porque eu não quero engordar nem ter que contar para
os meus pais,” ela respondeu. A voz dela estava calma e cheia de indiferença,
como se minha pergunta tivesse sido a respeito do clima ao invés do aborto que
ela estava querendo realizar.
Duas horas mais tarde, o bebê indesejado já não estava
dentro do útero dessa moça de 17 anos com a qual tenho um relacionamento de
discipulado. Eu nunca esquecerei aquele dia e como me senti. Segurando o
telefone, implorando para que ela deixasse viver o bebê. Para que ela
considerasse a soberania de Deus e como Ele estava envolvido com esta nova vida
da qual ela queria livrar-se. Havia um peso no ar, pois estava conversando com
uma adolescente à beira de cometer um assassinato.
Inconveniência
Inesperada
Talvez você seja esta moça, neste exato momento. Você
descobriu estar grávida e está considerando realizar um aborto. Afinal, um bebê
não estava em seus planos.
Um bebê parece ser uma inconveniência inesperada. Sua
liberdade está em jogo, você perdeu o domínio de seu corpo e sua gravidez
parece controlar sua vida, ou pelo menos é assim que você pensa. Você acredita
que o prazer sexual passageiro não deveria resultar em uma vida inteira
dedicando-se à maternidade. Agora a única opção a ser considerada é procurar a
clínica de aborto mais próxima e agendar um horário na crença de que você
preservará a independência de que tanto gosta.
Eu não ouso dizer que conheço você, ou as suas
circunstâncias ou a multidão de pensamentos que enchem seu coração, mas eu sei
que se você está considerando realizar um aborto é porque sua mente e seu
coração foram levados a acreditar em mentiras. Estas mentiras têm origem em um
lugar de escuridão, onde a luz e a verdade não dominam – mas onde reina o
orgulho. O mesmo orgulho que levou Eva a pensar que a verdadeira liberdade e
felicidade só poderiam ser conquistadas independentemente da vontade de Deus.
Agora, devido à influência do pecado no seu raciocínio, você está seguindo as
pegadas que ela deixou.
Eu imploro que você mude o seu rumo. Pela fé, percorra
um caminho diferente – uma estrada que conduz à vida, e não à morte.
Responsabilidades
Imprevistas
Eu engravidei de minha filha durante minha lua de mel.
Inicialmente, eu não recebi a notícia de minha gravidez com alegria, mas a
presença de outra vida dentro de mim pareceu-me um peso. Eu tinha planos para
que meu marido e eu tivéssemos um tempo só para nós dois no início de nosso
casamento. Sem filhos. Sem responsabilidades inesperadas. Apenas a liberdade
que eu acreditava seria interrompida se tivéssemos filhos.
Apesar de nunca ter considerado realizar um aborto,
ainda assim o estado de meu coração era o mesmo de quem defende o aborto. Eu
via a vida crescendo dentro de mim como uma pedra de tropeço para a minha
felicidade. Eu não via este bebê como um presente de Deus, mas como um erro. E
desta perspectiva, eu posso entender a sua ansiedade.
Eu sei o que é ser pego de surpresa pela Providência e
desesperadamente desejar que sua própria vontade seja feita ao invés da vontade
de Deus. Ainda assim existe uma escolha a ser feita. Ou você deixa que mentiras
determinem suas ações ou você acredita na verdade.
E esta é a verdade:
1)
Assassinato não fará você feliz
Você nasceu convencido de que a verdadeira felicidade
é alcançada independentemente da presença de Deus. Convencido de que o pecado
te proporciona mais prazer do que Cristo. Seu coração é inclinado a escolher qualquer
coisa que não seja Deus para satisfazê-lo, e esta inclinação te levou a chegar
neste ponto: de achar que assassinar seu bebê que está em seu útero é a maneira
mais racional de preservar sua felicidade.
Mas, pelo contrário, a verdadeira alegria pode ser
encontrada apenas em Cristo e está disponível a todos nós. Conhecer Deus é
conhecer uma alegria autêntica. Lute para acreditar que o pecado do aborto não
te trará satisfação. Ao reconhecer isto, permita-se ser amparada pelos braços
do único Salvador que é capaz de salvá-la. Nos braços do Salvador, você
encontrará perdão e será livre do castigo e do poder do pecado. Então, você
poderá conhecer a alegria e a felicidade em Deus, e apenas em Deus o seguinte
poderá ser dito a seu respeito: “Felizes as pessoas que têm
fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as deixará completamente
satisfeitas” (Mateus 5:6).
2)
Filhos
são presentes de Deus
Se fossemos analisar a razão pela qual
esperamos ansiosamente por aniversários e pelo natal, concluiríamos que o
denominador comum que determina nosso amor por estas datas é a ênfase que se dá
aos presentes em ambas as ocasiões. Os presentes não apenas nos mostram o
quanto somos apreciadas e amadas, mas também revelam o coração daquele que nos
presenteou em relação a nós.
Tragicamente, em nossa sociedade, a
mesma analogia não parece ser verdadeira no que diz respeito ao nosso coração
em relação aos filhos. Nós os vimos como “erros” quando eles são concebidos sem
a nossa permissão, ao invés de presentes vindos das mãos providenciais de um
Deus amoroso. Salmo 127:3 diz: “Os filhos
são um presente do Senhor; eles são uma verdadeira
bênção” (NTLH). Preste atenção na contração ‘do’ presente neste versículo. Seu bebê não foi concebido por acaso;
seu bebê foi concebido porque Deus o criou, à imagem dEle, com um propósito, e
o colocou em seu útero para a glória de Deus e para a sua alegria. Lute para
dar um novo rumo aos seus pensamentos e acreditar nisto como fato.
Não deixe que a ideologia da
sociedade sobre os filhos influencie você e a leve a abortar o ser humano
crescendo dentro de você. Ele ou ela é um presente.
3)
Você
foi criada para muito mais
O mundo está transbordando de
egoísmo. Se há uma coisa na qual somos especializados, é sermos egoístas. Nós
consideramos que viver pelo próximo ao invés de para si mesma parece no mínimo
tolice.
Eu me sensibilizo com sua situação,
mas eu preciso ser franca com você a respeito da raiz do problema. A raiz do
seu desejo de abortar seu bebê é o egoísmo. Eu não digo isso para condenar, mas
em amor, para que seus olhos sejam abertos. Entender a situação irá esclarecer seus
questionamentos para que eles sejam substituídos pela verdade de que você foi
criada para muito mais.
Viver uma vida que revolve ao seu próprio
redor é a mesma coisa que não viver. É o paradoxo do quê significa ser
abençoada: “Há maior felicidade em dar do
que em receber” (Atos 20:35 NVI). E do quê significa ser verdadeiramente grande:
“Quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo” (Mateus 20:26
NVI). E por fim, ser como Jesus: “Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10:45
NVI).
Jesus, o Rei exaltado, merecedor de incessante
louvor e adoração, tornou-se servo. Nós, muito mais, deveríamos nos tornar
servas através da maternidade. Nós não fomos criadas para servirmos a nós
mesmas, mas fomos criadas para amarmos a Deus e amarmos as pessoas.
Olhe para o Futuro
Antes de desligar o telefone com
minha amiga, apenas duas horas antes dela abortar seu bebê, eu implorei para que
ela olhasse para algo de grande importância – o futuro. Eu pedi para que ela se
desprendesse de todos os pensamentos negativos que ela acreditava seriam parte
de seu futuro e pedi para que ela considerasse as muitas coisas positivas e
maravilhosas que poderiam ser fruto da escolha de ser mãe ao invés de escolher ser
uma assassina. Para imaginar a alegria que o bebê dela traria para sua vida.
Para imaginar o propósito que Deus tinha reservado para seu bebê. Para imaginar
a oportunidade maravilhosa de educar uma criança com o potencial de impactar o
mundo de maneiras imprevisíveis.
E eu imploro para que você faça o
mesmo. Apenas por um momento, eu gostaria que você desviasse sua atenção de si
mesma e imaginasse toda a beleza que pode resultar de sua escolha pela vida do
seu bebê ao invés de sua escolha pela morte dele, de sua escolha pela
maternidade ao invés do assassinato, de sua escolha por uma vida de sacrifício
ao invés de uma vida de egoísmo, e de sua escolha pela verdadeira alegria ao
invés de mentiras vazias.
©2015 Desiring God Foundation
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em
português).
http://www.desiringgod.org/articles/to-a-woman-considering-abortion (texto original em inglês).
Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere.