quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Para uma Mulher que Está Considerando Realizar um Aborto


Jackie Hill Perry




“Por que você quer fazer isso?” – perguntei em tom de urgência e com o coração apertado.




“Porque eu não quero engordar nem ter que contar para os meus pais,” ela respondeu. A voz dela estava calma e cheia de indiferença, como se minha pergunta tivesse sido a respeito do clima ao invés do aborto que ela estava querendo realizar.



Duas horas mais tarde, o bebê indesejado já não estava dentro do útero dessa moça de 17 anos com a qual tenho um relacionamento de discipulado. Eu nunca esquecerei aquele dia e como me senti. Segurando o telefone, implorando para que ela deixasse viver o bebê. Para que ela considerasse a soberania de Deus e como Ele estava envolvido com esta nova vida da qual ela queria livrar-se. Havia um peso no ar, pois estava conversando com uma adolescente à beira de cometer um assassinato.



Inconveniência Inesperada



Talvez você seja esta moça, neste exato momento. Você descobriu estar grávida e está considerando realizar um aborto. Afinal, um bebê não estava em seus planos.



Um bebê parece ser uma inconveniência inesperada. Sua liberdade está em jogo, você perdeu o domínio de seu corpo e sua gravidez parece controlar sua vida, ou pelo menos é assim que você pensa. Você acredita que o prazer sexual passageiro não deveria resultar em uma vida inteira dedicando-se à maternidade. Agora a única opção a ser considerada é procurar a clínica de aborto mais próxima e agendar um horário na crença de que você preservará a independência de que tanto gosta.



Eu não ouso dizer que conheço você, ou as suas circunstâncias ou a multidão de pensamentos que enchem seu coração, mas eu sei que se você está considerando realizar um aborto é porque sua mente e seu coração foram levados a acreditar em mentiras. Estas mentiras têm origem em um lugar de escuridão, onde a luz e a verdade não dominam – mas onde reina o orgulho. O mesmo orgulho que levou Eva a pensar que a verdadeira liberdade e felicidade só poderiam ser conquistadas independentemente da vontade de Deus. Agora, devido à influência do pecado no seu raciocínio, você está seguindo as pegadas que ela deixou.



Eu imploro que você mude o seu rumo. Pela fé, percorra um caminho diferente – uma estrada que conduz à vida, e não à morte.



Responsabilidades Imprevistas



Eu engravidei de minha filha durante minha lua de mel. Inicialmente, eu não recebi a notícia de minha gravidez com alegria, mas a presença de outra vida dentro de mim pareceu-me um peso. Eu tinha planos para que meu marido e eu tivéssemos um tempo só para nós dois no início de nosso casamento. Sem filhos. Sem responsabilidades inesperadas. Apenas a liberdade que eu acreditava seria interrompida se tivéssemos filhos.



Apesar de nunca ter considerado realizar um aborto, ainda assim o estado de meu coração era o mesmo de quem defende o aborto. Eu via a vida crescendo dentro de mim como uma pedra de tropeço para a minha felicidade. Eu não via este bebê como um presente de Deus, mas como um erro. E desta perspectiva, eu posso entender a sua ansiedade.



Eu sei o que é ser pego de surpresa pela Providência e desesperadamente desejar que sua própria vontade seja feita ao invés da vontade de Deus. Ainda assim existe uma escolha a ser feita. Ou você deixa que mentiras determinem suas ações ou você acredita na verdade.



E esta é a verdade:



1)    Assassinato não fará você feliz



Você nasceu convencido de que a verdadeira felicidade é alcançada independentemente da presença de Deus. Convencido de que o pecado te proporciona mais prazer do que Cristo. Seu coração é inclinado a escolher qualquer coisa que não seja Deus para satisfazê-lo, e esta inclinação te levou a chegar neste ponto: de achar que assassinar seu bebê que está em seu útero é a maneira mais racional de preservar sua felicidade.



Mas, pelo contrário, a verdadeira alegria pode ser encontrada apenas em Cristo e está disponível a todos nós. Conhecer Deus é conhecer uma alegria autêntica. Lute para acreditar que o pecado do aborto não te trará satisfação. Ao reconhecer isto, permita-se ser amparada pelos braços do único Salvador que é capaz de salvá-la. Nos braços do Salvador, você encontrará perdão e será livre do castigo e do poder do pecado. Então, você poderá conhecer a alegria e a felicidade em Deus, e apenas em Deus o seguinte poderá ser dito a seu respeito: “Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as deixará completamente satisfeitas” (Mateus 5:6).



2)    Filhos são presentes de Deus



Se fossemos analisar a razão pela qual esperamos ansiosamente por aniversários e pelo natal, concluiríamos que o denominador comum que determina nosso amor por estas datas é a ênfase que se dá aos presentes em ambas as ocasiões. Os presentes não apenas nos mostram o quanto somos apreciadas e amadas, mas também revelam o coração daquele que nos presenteou em relação a nós.



Tragicamente, em nossa sociedade, a mesma analogia não parece ser verdadeira no que diz respeito ao nosso coração em relação aos filhos. Nós os vimos como “erros” quando eles são concebidos sem a nossa permissão, ao invés de presentes vindos das mãos providenciais de um Deus amoroso. Salmo 127:3 diz:Os filhos são um presente do Senhor; eles são uma verdadeira bênção” (NTLH). Preste atenção na contração ‘do’ presente neste versículo. Seu bebê não foi concebido por acaso; seu bebê foi concebido porque Deus o criou, à imagem dEle, com um propósito, e o colocou em seu útero para a glória de Deus e para a sua alegria. Lute para dar um novo rumo aos seus pensamentos e acreditar nisto como fato.



Não deixe que a ideologia da sociedade sobre os filhos influencie você e a leve a abortar o ser humano crescendo dentro de você. Ele ou ela é um presente.



3)    Você foi criada para muito mais



O mundo está transbordando de egoísmo. Se há uma coisa na qual somos especializados, é sermos egoístas. Nós consideramos que viver pelo próximo ao invés de para si mesma parece no mínimo tolice.



Eu me sensibilizo com sua situação, mas eu preciso ser franca com você a respeito da raiz do problema. A raiz do seu desejo de abortar seu bebê é o egoísmo. Eu não digo isso para condenar, mas em amor, para que seus olhos sejam abertos. Entender a situação irá esclarecer seus questionamentos para que eles sejam substituídos pela verdade de que você foi criada para muito mais.



Viver uma vida que revolve ao seu próprio redor é a mesma coisa que não viver. É o paradoxo do quê significa ser abençoada: “Há maior felicidade em dar do que em receber” (Atos 20:35 NVI). E do quê significa ser verdadeiramente grande: “Quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo” (Mateus 20:26 NVI). E por fim, ser como Jesus: “Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10:45 NVI).



Jesus, o Rei exaltado, merecedor de incessante louvor e adoração, tornou-se servo. Nós, muito mais, deveríamos nos tornar servas através da maternidade. Nós não fomos criadas para servirmos a nós mesmas, mas fomos criadas para amarmos a Deus e amarmos as pessoas.  



Olhe para o Futuro



Antes de desligar o telefone com minha amiga, apenas duas horas antes dela abortar seu bebê, eu implorei para que ela olhasse para algo de grande importância – o futuro. Eu pedi para que ela se desprendesse de todos os pensamentos negativos que ela acreditava seriam parte de seu futuro e pedi para que ela considerasse as muitas coisas positivas e maravilhosas que poderiam ser fruto da escolha de ser mãe ao invés de escolher ser uma assassina. Para imaginar a alegria que o bebê dela traria para sua vida. Para imaginar o propósito que Deus tinha reservado para seu bebê. Para imaginar a oportunidade maravilhosa de educar uma criança com o potencial de impactar o mundo de maneiras imprevisíveis.



E eu imploro para que você faça o mesmo. Apenas por um momento, eu gostaria que você desviasse sua atenção de si mesma e imaginasse toda a beleza que pode resultar de sua escolha pela vida do seu bebê ao invés de sua escolha pela morte dele, de sua escolha pela maternidade ao invés do assassinato, de sua escolha por uma vida de sacrifício ao invés de uma vida de egoísmo, e de sua escolha pela verdadeira alegria ao invés de mentiras vazias.


©2015 Desiring God Foundation


www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).


Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere.