quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O que são Disciplinas Espirituais? (Pergunta 1)

Don Whitney




Entramos em 2016 e com o início de um novo ano o interesse pela disciplina é renovado, particularmente as disciplinas espirituais. O primeiro dia de janeiro é uma boa data para restabelecermos nossas práticas espirituais. Então, nesta primeira semana do ano, eu farei as cinco perguntas que recebemos mais frequentemente sobre o tópico das disciplinas espirituais.

Então, vamos começar com uma questão de alcance amplo: Em geral, o que são disciplinas espirituais?

As disciplinas espirituais são aquelas encontradas nas Escrituras que promovem crescimento espiritual naqueles que acreditam no evangelho de Jesus Cristo. Elas são hábitos que refletem a sua devoção, hábitos que são experiências cristãs praticadas pelo povo de Deus desde os tempos bíblicos. Eu descrevo as disciplinas espirituais de várias formas – a seguir listo seis aspectos desta descrição.

1) Primeiramente, a Bíblia estabelece tanto as disciplinas espirituais pessoais como as interpessoais. Há disciplinas que são praticadas individualmente e outras que são praticadas com outros cristãos. Por exemplo, nós devemos orar sozinhos. Esta é uma disciplina espiritual pessoal. Nós também devemos orar com a igreja. Esta é uma disciplina espiritual interpessoal e congregacional.

Nós devemos praticar ambas porque Jesus praticou ambas (poderíamos citar exemplos nas Escrituras de cada uma delas) e porque a Bíblia nos ordena ambas. Então, nós não queremos formular um conceito que diz que espiritualidade e disciplinas espirituais são algo que nós praticamos sozinhos. Nós também precisamos nos relacionar com outras pessoas na prática das disciplinas espirituais.

2) Uma segunda característica das disciplinas espirituais é que elas são atividades. Elas não são atitudes. Disciplinas são práticas. Disciplinas espirituais são coisas que você faz. Elas não são qualidades do caráter. Elas não são graças. Elas não são o fruto do Espírito. Elas são coisas que você faz.

Você lê a Bíblia. Isto é algo que você faz. Isto é uma disciplina espiritual. Você medita a respeito das Escrituras. Você ora, jejua, adora, serve, aprende e assim por diante. Estas são atividades. O objetivo de praticar qualquer das disciplinas espirituais não é a prática em si, o objetivo é tornar-se parecido com Jesus e estar na presença de Jesus. Mas a trajetória bíblica para crescermos na semelhança com Jesus é através das disciplinas espirituais bíblicas, quando praticadas com a motivação correta.

O versículo chave neste contexto é 1 Timóteo 4:7, que diz: “Para progredir na vida cristã, faça sempre exercícios espirituais” (NTLH). O objetivo é a santidade, mas a maneira bíblica para alcançá-la é disciplinar a si mesmo pelo poder do Espírito Santo com a motivação correta. Nós devemos nos disciplinar com o propósito de crescermos em santidade. A maneira prática de fazer isto é através de atividades que você exercita.

Desta forma, a alegria não é uma disciplina espiritual. Alegria é o fruto ou o resultado da disciplina praticada corretamente. Existe uma diferença entre fazer e ser. As disciplinas espirituais são ações praticadas. Você pode praticá-las como os fariseus as praticavam. Você pode praticá-las com a motivação errada. Mas quando a motivação é correta, elas são ações que nós devemos praticar com o objetivo de sermos parecidos com Jesus e passarmos tempo na presença de Jesus.

3) Uma terceira característica das disciplinas espirituais é que estamos nos referindo às práticas ensinadas ou exemplificadas na Bíblia. A razão pela qual isso é importante é que senão, nós teríamos a liberdade de listar como disciplina espiritual qualquer coisa que quiséssemos. Alguém poderia dizer: "Jardinagem é uma disciplina espiritual para mim," ou "Exercício físico é uma das minhas disciplinas espirituais," ou qualquer outro passatempo ou hábito agradável poderia ser chamado de disciplina espiritual.

Um dos problemas é que este tipo de mentalidade poderia tentar alguém a dizer: “Talvez meditar a respeito das Escrituras funciona para você, mas mexer no jardim alimenta minha alma tanto quanto a Bíblia alimenta a sua”. Aceitar virtualmente qualquer coisa como sendo uma disciplina espiritual é um problema.  O outro problema é que isto deixaria a nosso cargo determinar o que será melhor para nossa saúde espiritual e nossa maturidade ao invés de aceitar as coisas que Deus revelou nas Escrituras como sendo os meios de experimentar a presença de Deus e de crescer à semelhança de Jesus.

4) A quarta característica das disciplinas espirituais é que as disciplinas encontradas nas Escrituras são suficientes para obtermos conhecimento, para experimentarmos a presença de Deus e para crescermos à semelhança de Cristo. Nós somos informados nos famosos versículos de 2 Timóteo 3:16-17 que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça,  para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra,” incluindo a boa obra de buscarmos maior santidade e a boa obra de crescermos à semelhança de Cristo. As Escrituras são suficientes para isto.

Então, qualquer que sejam os benefícios espirituais que uma pessoa afirmar serem provenientes de uma prática que não está na Bíblia – algo que talvez seja promovido por outro grupo ou líder espiritual, e que praticando isso ou praticando aquilo, você terá uma experiência com Deus e será algo extraordinário – bem, independente de qualquer benefício que uma pessoa afirmar ser o resultado desta prática, nós podemos afirmar que, no mínimo, ela não é uma prática necessária. Se ela fosse uma prática necessária para alcançarmos maturidade espiritual em santidade e crescimento em santidade, ela teria sido encontrada e promovida nas Escrituras.

5) Uma quinta descrição das disciplinas espirituais é que elas são procedentes do evangelho, ao invés de independentes do evangelho. Quando praticadas corretamente, as disciplinas espirituais permitem que nos aprofundemos nas glórias do evangelho de Jesus Cristo, ao invés de nos distanciarmos do evangelho como se tivéssemos atingido um nível mais avançado no cristianismo. “O evangelho é básico. Agora vamos nos ocupar com as coisas mais profundas de Deus: as disciplinas espirituais.” Não pensemos assim, pois as disciplinas espirituais procedem do evangelho, ao invés de serem independentes do evangelho, e elas nos farão atingir um entendimento mais aprofundado do evangelho.

6) A última característica das disciplinas espirituais é que elas são um meio e não um fim. A finalidade, ou seja, o propósito de praticarmos as disciplinas é a santidade. “Para progredir na vida cristã, faça sempre exercícios espirituais” 1 Timóteo 4:7 NTLH). Então, não somos mais santos apenas porque nós praticamos as disciplinas espirituais. Este foi o grande erro dos fariseus. Eles acreditavam que ao praticar estas coisas eles tornavam-se santos. Não, as disciplinas são os meios para crescermos em santidade. Se praticadas com a motivação correta, elas são os meios para crescermos em santidade. 

Recursos relacionados:

Pergunta 2: Por que precisamos tanto das disciplinas pessoais como das coletivas?

Pergunta 3: Como saber se estou praticando as disciplinas espirituais corretamente?

Pergunta 4: Quais disciplinas espirituais são mais importantes?

Pergunta 5: Qual a disciplina espiritual que mais negligenciamos?


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www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).


Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere.