segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Alimento Orgânico, Óleos Essenciais e o Evangelho da Graça


Stacy Reaoch




A palavra que é uma das últimas novidades nos círculos cristãos, e em todos os outros lugares, é "orgânica." Como uma sociedade, nós estamos gastando uma enorme quantidade de dinheiro comprando produtos orgânicos, ovos produzidos por galinhas criadas ao ar livre, e carne de vaca alimentada somente com capim. Qualquer coisa com o rótulo "natural" está se tornando o método preferido, mesmo quando não estamos totalmente certos do que realmente significa "tudo natural." Para alguns, os óleos essenciais estão substituindo os remédios tradicionais, com a promessa de curar tudo, desde um simples resfriado até uma doença crônica.



Comer alimentos orgânicos e usar remédios não tradicionais certamente pode ser de grande valia, mas existe o perigo de desenvolvermos um senso de superioridade que vem associado com esse estilo de vida. Em nosso esforço para adotarmos um estilo de vida mais orgânico e natural, pode ser fácil começar a olhar com desdém para alguém que não tomou esta decisão. Quando promovemos as nossas próprias escolhas de alimento e remédios como se fosse o mais novo método de evangelismo, estamos mostrando onde realmente está a nossa esperança; e mostramos também que estamos perto de esquecermos o evangelho que afirmamos amar.



Quero deixar bem claro que eu não sou contra uma alimentação saudável. Eu concordo plenamente que o que comemos tem um efeito significante sobre nós e que devemos ser bons administradores de nossos corpos. Treinamento físico, o que inclui a responsabilidade de bons hábitos alimentares, apresenta algum valor (1 Timoteo 4:8). Mas a minha crescente preocupação em relação às nossas comunidades cristãs é de que sejamos cuidadosos para não nos tornemos mais empenhados em convencer outros a alimentar suas famílias da mesma maneira que nos alimentamos, ao invés de mostrar a eles o caminho até Cristo.




Assuntos Controvertidos




Uma querida amiga do ministério de mulheres me contou sobre alguns insistentes pedidos que recebeu para conduzir estudos bíblicos sobre hábitos alimentares saudáveis. Mas será que a Bíblia realmente nos diz o suficiente a respeito do que devemos comer em cada refeição? Será que temos o direito, como crentes, de dizer aos outros o que seria uma opção mais bíblica de cardápio?



Romanos 14 trata exatamente desse tipo de questionamento. As escolhas de alimentos e remédios são exatamente isso: escolhas. E esses questionamentos se enquadram em uma categoria bíblica conhecida como "assuntos controvertidos". Paulo escreve em Romanos 14:1-4:



"Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos. Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais. Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou. Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está em pé ou cai. E ficará em pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar." (NVI)



No texto, um crente sente a liberdade de comer carne (a despeito da associação da carne com a religião pagã local), enquanto outro está convencido que só pode comer legumes. Paulo afirma que essas escolhas a respeito da comida, mesmo quando houver outras questões envolvidas, dependem da consciência de cada um. Uma pessoa não é considerada mais justa ou piedosa por causa das restrições que ela impõe a si mesma, ou das restrições que não impõe a si mesma. Deus acolheu ambos os crentes – e nós devemos fazer o mesmo.



Devemos nos questionar: será que estamos promovendo um ambiente acolhedor quando defendemos firmemente nossas opiniões acerca de alimentos e remédios diante de um grupo de pessoas? Qual é o tom de voz que usamos quando comunicamos aos outros as escolhas que fazemos referentes ao nosso estilo de vida? Será que estamos afastando os outros com nossa visão aparentemente arrogante e irredutível em questões que são puramente de preferência pessoal?



Onde está a sua justiça?




Quando nós nos identificamos firmemente com um certo estilo de vida, existe uma tentação evidente de acharmos a nossa identidade e justiça naquela preferência pessoal. Decisões de alimentação, ensino e tratamentos médicos são áreas de escolha pessoal e familiar que podem se tornar facilmente a causa que defendemos na vida. Você tem tentando intentamente converter alguém para o mesmo método de ensino utilizado por sua família? Ou você está tentando fazer com que todo mundo use os mesmos óleos essências que você utiliza, ao mesmo tempo em que você olha com desdém para uma irmã em Cristo que optou por tratar um filho com antibióticos por causa de uma doença.



Se percebermos que nossas conversas revolvem continuamente acerca de um só assunto que defendemos, é hora de nos perguntarmos se esse assunto tem se tornado importante demais em nossas vidas. Se estivermos constantemente passando informações sobre a maneira que nos alimentamos, como tratar de doenças ou como ensinar as nossas crianças, um sinal de alerta deveria soar em nossas mentes afim para atentarmos onde realmente estamos colocando a nossa esperança. Como cristãos, nós temos um alvo e uma esperança que ultrapassam esses "assuntos controvertidos".



A nossa única grande causa




Somente em Cristo achamos verdadeira sabedoria, esperança e cura. São as palavras, as promessas e a abrangente verdade de Jesus que deveríamos contar aos outros com grande paixão, e não os estudos mais recentes que reforçam as escolhas de nossa família como sendo as mais sábias.



Sejamos conhecidos pelo que os cristãos realmente deveriam ser conhecidos: uma esperança inabalável e uma confiança imutável no poder de Cristo para transformar vidas – independente das escolhas que você faz em relação ao seu cardápio.


©2015 Desiring God Foundation. 

www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em português).

Traduzido com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley.