Jon Bloom
É um presente precioso quando alguém te mostra um
tesouro escondido em plena vista nas páginas da Bíblia. Meu bom amigo Jameson
Nass acabou de fazer isso por mim em seu excelente sermão sobre a Torre de
Babel em Gênesis 11. Os pensamentos dele me ajudaram tanto que quero dividir
alguns deles com vocês.
Quando o nosso objetivo é o nosso nome
Você conhece a história da Torre de Babel. O povo
antigo que vivia na planície de Sinar disse:
“Vamos construir uma cidade,
com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos
espalhados pela face da terra”. (Gênesis 11:4 NVI)
Os mesopotâmios tinham um objetivo: obter fama para o
nome deles mesmos. Deus não estava presente no objetivo deles. O alvo deles era
a sua própria grandeza.
Nós podemos enxergar o nosso próprio reflexo nesse antigo
povo de Babel. Assim como eles, nós também somos pecadores geralmente cheios de
orgulho e ambição egoísta, e pensamos obsessivamente sobre o que os outros
pensam sobre nós e sobre o legado que vamos deixar. Assim como eles, nós
geralmente temos um desejo ridículo e exagerado de exibir a nossa própria
glória e não medimos esforços para dispor de nossos recursos e sistemas para alcançá-la.
Em Sua misericórdia, Deus irá atrapalhar o nosso objetivo
Eis a resposta de Deus diante do monumento erguido em
honra ao orgulho humano:
"O Senhor desceu para ver
a cidade e a torre que os homens estavam construindo" (Gênesis 11:5 NVI).
O fato de Deus ter "descido" para ver o que
os homens estavam construindo nos coloca a todos em nosso devido lugar. Como
Jameson Nass eloquentemente explicou: "Deus sempre tem que ‘descer’ para
examinar as nossas conquistas, o formigueiro que construímos nas rachaduras da
calçada de Sua criação".
Então, no conselho da Trindade, o Senhor disse:
“Eles são um só povo e falam
uma só língua, e começaram a construir isso. Em breve nada poderá impedir o que
planejam fazer. Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não
entendam mais uns aos outros”. Assim o Senhor os dispersou dali por toda a
terra, e pararam de construir a cidade." (Gênesis 11:6-8 NVI)
Não se deixem enganar. Deus não estava sentindo-se
ameaçado em Sua supremacia devido ao talento coletivo da humanidade. Ao
contrário, o que Deus sabia, e o que os construtores da cidade não sabiam, era
a devastação que o pecado causaria se fosse permitido que o orgulho humano se
alastrasse sem impedimentos.
Nós, que hoje temos o benefício de termos observado
alguns milhares de anos de história escrita, deveríamos ter um conhecimento
melhor do que os nossos antigos predecessores. O desenvolvimento tecnológico do
século XX e os milhares de milhares mortos em guerras que hoje relembramos são
testemunhas de quanta maldade pode ser desencadeada quando as melhores e mais
brilhantes mentes humanas juntam suas capacidades para construir suas Torres de
Babel.
"Há caminho que parece
certo ao homem, mas no final conduz à morte." (Provérbios 14:12 NVI)
Então, Deus confundiu a linguagem dos mesopotâmios e
os espalhou. E isso foi um ato de grande misericórdia. Como o Jameson Nass
coloca: "Foi a misericórdia de Deus que O fez tornar a vida deles difícil,
O fez atrapalhar o objetivo grandioso que eles tinham e O fez dar a eles o que
esperavam que não fosse acontecer".
O propósito misericordioso de Deus nas decepções que nos desorientam
Deus causa o mesmo tipo de confusão misericordiosa em
nossas vidas. Ele é mais misericordioso do que nós percebemos; certamente mais
misericordioso do que nós sentimos quando estamos confusos.
Nós geralmente não sabemos o que estamos realmente
construindo quando nos empenhamos em nossos empreendimentos. Nós geralmente não
estamos cientes de quão profundo, persuasivo e motivador o nosso orgulho
realmente é. Nós geralmente não conseguimos enxergar o quanto apreciamos a
glória de nosso nome. Mas Deus sabe. E na sua misericórdia Ele nos confunde, nos
impede e nos humilha. E é tudo misericórdia: "Deus se opõe aos orgulhosos,
mas concede graça aos humildes” (1 Pedro 5:5 NVI). Quando Deus lida com Seus
filhos, Ele nos dá graça em resposta ao nosso orgulho porque isso nos torna
humildes. Pois Ele sabe que quanto mais humilde formos, mais felizes nós
seremos. O orgulhoso será destruído (Provérbios 16:18), mas o humilde
habitará na presença do Senhor (Isaías 57:15)
A história da Torre de Babel contém boas notícias que
são como um tesouro: há um propósito redentor mesmo nas decepções que nos
desorientam e nos fracassos que temos quando procuramos engrandecer nosso próprio
nome. Deus nos ama, Ele sabe o que é melhor para nós e em misericórdia não
permitirá que nenhum empreendimento que buscamos para a nossa própria glória
nos roube do valor insuperável de conhecer a Jesus Cristo (Filipenses 3:8).
Não há ganho real em fazer o nosso nome conhecido.
Este é o lixo mencionado em Filipenses 3:8. O único ganho verdadeiro é Cristo.
Então, Deus destrói os nossos planos cheios de orgulho a fim de nos fazer
verdadeiramente felizes.
By John Piper. ©2015 Desiring God Foundation.
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em
português).
http://www.desiringgod.org/articles/when-god-mercifully-ruins-our-plans (texto original em inglês).
Traduzido com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley