Jon Bloom
Não tente
argumentar com os seus desejos pecaminosos. Um apetite que foi despertado é
quase sempre irracional. Quando um desejo for despertado em você para ceder a
algum pecado, geralmente a sua melhor defesa é a fuga.
QUEM GOVERNA O REINO DO SEU CORAÇÃO?
Talvez
gostemos de pensar que a razão governa o coração humano, mas não é assim. O
prazer o governa.
No reino do
coração, a hierarquia que comanda é a seguinte: o Rei Prazer é o monarca e ele
ordena ao General Desejo o que deve querer. O General Desejo envia comandos ao
Tenente Vontade a fim de conseguir o que quer. Ninguém faz nada só por
"pura força de vontade". A vontade não é um agente independente. É um
soldado sob autoridade que recebe e obedece a comandos. A vontade pode ser
forte ou fraca e, como um soldado, pode ser treinada. Mas a Vontade faz o que o
desejo comanda. E o desejo comanda o que o trará mais prazer ou menos dor.
Então qual
é a função da Razão na hierarquia do coração humano? A Razão é o Conselheiro
Real do Rei Prazer e dá conselhos ao rei em relação ao que ele deve acreditar e
valorizar. Quando o Rei Prazer concorda com o Conselheiro Real, o General
Desejo e o Tenente Vontade agem com sensatez. Mas se o Rei Prazer não concorda
com o Conselheiro Razão, o rei fará o que quer.
A VONTADE SEMPRE OBEDECE AO DESEJO, MESMO
FAZENDO O INDESEJÁVEL
Mas algumas
vezes acontece de termos vontade de fazer o que não desejamos, não é? Sim e
não. Sim, a nossa vontade pode nos levar a fazer o que de certa forma não
desejamos, mas somente se desejarmos ainda mais algo diferente.
Um homem
que deseja ver uma imagem pornográfica pode resistir a esse desejo, mas somente
se ele considerar um desejo que compete com o primeiro, como o de herdar o
Reino de Deus (1 Coríntios 6:9) ou estimar a sua esposa (Efésios 5:28-29) ou
evitar a vergonha de ser pego que resultarão em um prazer superior. A mulher
que deseja fumar um cigarro pode resistir a esse desejo por causa do seu desejo
superior de desfrutar de uma saúde mais robusta e evitar câncer de pulmão no
futuro. Jesus desejou evitar a crucificação e o peso da ira do Pai, mas ele a
suportou por causa do desejo ainda maior da alegria eterna apresentada a Ele
(Hebreus 12:22). Da mesma maneira, o cristão renuncia a si mesmo, carrega a sua
cruz e segue a Jesus, porque ele quer a mesma vida eterna de alegria mais do
que os prazeres terrenos (Mateus 16: 24-25).
RAZÃO
PONDERADA X DESEJOS ARDENTES
É
importante entender como funciona a hierarquia do coração, especialmente quando
batalhando os apetites pecaminosos que são desejos pecaminosos enviando ordens
para a vontade. Quando experimentamos esses desejos, o Rei Prazer está sendo
persuadido pela tentação de que o pecado produzirá prazer. E nesse momento, o
rei talvez não esteja disposto a ouvir o Conselheiro Razão.
É por isso
que tentar argumentar com o apetite pecaminoso que foi despertado é como
argumentar com o diabo. Ele não está interessado na verdade ou movido pela verdade;
ele está interessado no prazer que lhe está sendo oferecido. De fato, esse
apetite procurará manipular a nossa razão a fim de conseguir o que o prazer
procura. Ele irá torcer cada objeção racional, minimizando-as e confundindo-as
em nossas mentes. É por isso que temos sucumbido frequentemente às demandas de
nosso apetite mesmo quando a nossa razão nos diz que é errado e até destrutivo.
A razão ponderada geralmente desaparece na presença de um desejo ardente.
SAIBA QUANDO FUGIR
A razão é
necessária na batalha contra desejos pecaminosos. Mas tipicamente não quando a
ânsia do apetite pecaminoso já está em nós; especialmente se a fonte de
gratificação está no alcance de nossas mãos. O que devemos fazer nesse ponto é
fugir.
O apóstolo
Paulo entendeu isso. E é por isso que ele escreveu, "fuja da imoralidade
sexual" (1 Corintios 6:18). O desejo sexual distorcido pelo pecado é um
apetite muito poderoso e persuasivo. A recomendação de Paulo – ou melhor, o que
ele ordena – é que ao enfrentar esse apetite devemos fugir. Paulo estava bem
ciente da habilidade desse apetite de dominar a nossa razão. Então ele nos
disse para utilizarmos essa estratégia alternativa que é inteligente e honrada:
Fuja o mais rápido possível!
José em
Gênesis 39:11-13 é um grade exemplo disso. Quando a mulher de Potifar o encurralou
e tentou seduzi-lo, José não perdeu tempo tentando argumentar com ela, pois sabia
por experiência própria que seria uma perda de tempo. Ele "fugiu da
casa".
Davi em 2
Samuel 11 é um exemplo de fracasso em fugir. Quando ele estava no seu terraço e
viu Bateseba se banhando, ele poderia ter feito o que José fez. Mas ele não o
fez. Ele ficou e olhou. Sua razão e consciência lhe disseram que estava errado.
Mas quanto mais ele olhava, mais o seu apetite cresceu e mais ele deu ouvidos à
promessa de prazer, permitindo que isso o vencesse.
PROXIMIDADE E VISIBILIDADE: PLANEJE A SUA FUGA
Nós todos
já tivemos nossos momentos como José e nossos momentos como Davi. Nós já
fugimos e já cedemos às tentações pecaminosas. Todos nós temos apetites
pecaminosos que são frequentes em nossas vidas e que nos tentam a tropeçar. Portanto,
devemos fazer alguns planos de fuga para quando a tentação chegar.
Você conhece
a si mesmo. Quais são os sinais de tentação? Quando é que você está mais
vulnerável? Quando é que aquela voz sedutora te fala doces loucuras para que
você deseje ficar mais um pouco e olhar e ouvir?
Existem
duas maneiras de fugir dos apetites pecaminosos que procuram te aprisionar. A
primeira é fugir da proximidade da
tentação. Saia de casa, saia de perto do computador, da TV, do telefone, da geladeira
ou do Facebook.
Mas algumas
vezes, fugir da proximidade da tentação não é uma opção. Nesse ponto precisamos
fugir para a visibilidade. Precisamos
fugir para um lugar visível que minimizará a tentação ou precisamos contar a um
amigo fiel sobre esta tentação. Frequentemente a maneira mais rápida de driblar
um desejo ardente é contar a alguém sobre ela.
A melhor
hora para o Conselheiro Razão falar com o Rei Prazer sobre os prazeres mais
verdadeiros e mais elevados é quando ele está receptivo a dar ouvidos à razão.
Portanto, se hoje um apetite enganador for despertado, não argumente com ele;
fuja dele! Seja implacável. Fuja da proximidade da tentação ou fuja para a visibilidade.
Algumas
vezes, fugir é a melhor maneira de lutar contra o pecado.
Traduzido
com permissão por Neyzimar Ferreira Lavalley
©2015 Desiring God Foundation.
www.desiringGod.org (website em inglês com alguns recursos em
português).
http://www.desiringgod.org/articles/sometimes-flight-is-the-best-fight
(texto original em inglês).