Rachel Jankovic
Alguns anos
atrás, quando eu tinha apenas quatro filhos, e o mais velho tinha apenas três
anos de idade, eu os aprontei para irmos a uma caminhada. Depois de arrumar as
mamadeiras e estarmos todos prontos para sair, minha filha de dois anos de
idade me disse: “Ufa! Você está com as mãos cheias!”
Ela poderia
ter dito de outra forma: “Você não sabe o que causa tudo isso?” ou “São todos seus?”
Em todo
lugar que você vai, as pessoas querem falar sobre seus filhos. Porque você não
deveria tê-los, como você poderia tê-los evitado, e porque eles nunca fariam o
que você fez. Elas querem te lembrar de que você não estará sorrindo quando
eles forem adolescentes. Tudo isso na fila do supermercado, quando os seus
filhos escutam o que elas dizem.
Um Emprego de
Segunda Categoria?
A verdade é
que anos atrás, antes de nascer esta geração atual de mães, nossa sociedade
decidiu a classificação dos filhos na lista de prioridades. E quando o aborto
foi legalizado nos EUA, nós a transformamos em lei.
A classificação
dos filhos é bem abaixo do que da faculdade. Certamente abaixo de viagens
internacionais. Abaixo da capacidade de sair de noite para seu lazer. Abaixo de
malhar seu corpo na academia. Abaixo de qualquer emprego que você tenha ou
espera conseguir. Na verdade, a classificação dos filhos é abaixo do seu desejo
de sentar-se na ociosidade, se isso for o que você quiser fazer. Abaixo de tudo
mais. Filhos são a última coisa em que você deveria gastar seu tempo.
Se você
cresceu nessa sociedade, é muito difícil obter uma perspectiva bíblica da
maternidade e pensar com liberdade como uma mulher cristã no que diz respeito a
sua vida e seus filhos. O quanto temos dado ouvidos a meias-verdades e
meias-mentiras? Será que acreditamos que queremos filhos porque há alguma
urgência biológica ou necessidade de engravidar? Será que entramos nessa por
causa das roupinhas de bebê que são uma gracinha ou das oportunidades de tirarmos
fotografias? Será a maternidade um emprego de segunda categoria para aquelas
que não são capazes de fazer outra coisa, ou para aquelas que se satisfazem com
o trabalho inesgotável? Se for assim, onde estávamos com a cabeça?
Não é um
Passatempo
A
maternidade não é um passatempo, é um chamado. Você não coleciona filhos porque
eles são mais interessantes do que selos. Não é algo para fazer porque você acredita
poder encaixar em sua agenda. É aquilo que Deus te deu tempo para fazer.
Mães
cristãs carregam seus filhos em território inimigo. Quando você faz uma
aparição pública ao lado de seus filhos, você está tomando partido e defendendo
os objetos de aversão cultural. Você está testemunhando publicamente que você
valoriza o que Deus valoriza, e que você se recusa a valorizar o que o mundo
valoriza. Você se coloca do lado de quem é indefenso e diante do necessitado.
Você representa tudo o que a nossa cultura odeia, porque você representa o renunciar
de sua vida em favor de outra pessoa – e renunciar sua vida em favor do próximo
representa o evangelho.
Nossa
cultura simplesmente teme a morte. Renunciar sua própria vida, de qualquer
forma que seja, é aterrorizante. É estranho, mas é esse medo que impulsiona a
indústria do aborto: medo de que seus sonhos morrerão, de que seu futuro
morrerá, de que sua liberdade morrerá – e então a tentativa de escapar dessa
morte correndo para os braços da morte.
Corra para a
Cruz
Mas o
cristão deve ter um paradigma diferente. Devemos correr para a cruz. Para a
morte. Entregue suas esperanças. Entregue seu futuro. Entregue os pequenos
aborrecimentos. Entregue o seu desejo de ser reconhecida. Entregue sua
impaciência com seus filhos. Entregue o desejo de ter uma casa perfeitamente
arrumada. Entregue sua mágoa pelo estilo de vida que você está vivendo.
Entregue a vida imaginária que você poderia estar vivendo sozinha. Deixe tudo
para trás.
Morte para
si mesma não é o fim da história. Nós, cristãos, deveríamos saber o que vem
após a morte. A vida cristã é vida de ressurreição, vida que não pode ser
destruída pela morte, o tipo de vida que é possível somente se você esteve na
cruz e voltou.
A Bíblia é
clara a respeito do valor das crianças. Jesus as amou, e há um mandamento para
que nós também as amemos e as eduquemos no amor do Senhor. Nós devemos imitar a
Deus e termos prazer em nossos filhos.
A Questão é
Como
A questão
não é se você está representando o evangelho, mas como você o está
representando. Você tem dado sua vida aos seus filhos com ressentimento? Você
calcula cada coisa que você faz por eles como alguém que empresta dinheiro a
juros calcula uma dívida? Ou você dá sua vida por eles como Deus nos deu –
generosamente?
Fingir não
é o suficiente. Você pode enganar algumas pessoas. Aquela pessoa na fila do
supermercado pode até acreditar quando você estampar um sorriso fingido, mas
seus filhos não acreditarão. Eles sabem exatamente o que você pensa deles. Eles
sabem as coisas que você classifica acima deles. Eles sabem tudo o que você
guarda de rancor contra eles. Eles sabem que você fingiu uma resposta delicada
para a senhora da fila, mas que estará sussurrando ameaças contra eles quando
virar as costas e gritando com eles ao entrarem no carro.
Os filhos
sabem a diferença entre uma mãe que está tentando manter as aparências na
frente de um desconhecido e uma mãe que defende a vida e o valor deles com seu
sorriso, seu amor e sua absoluta lealdade.
Mãos Cheias
de Boas Coisas
Quando minha pequena filha me disse: “Você está
com as mãos cheias!” Eu me enchi de gratidão por ela já saber a resposta que eu
daria. A mesma resposta que eu sempre dei: “Sim, elas estão cheias de boas
coisas!”
Viva o
evangelho nas coisas que ninguém vê. Sacrifique por seus filhos em situações
que apenas eles saberão. Valorize-os mais que a si mesma. Eduque-os no ar puro
de uma vida centrada no evangelho. Seu testemunho do evangelho nos pequenos
detalhes de sua vida é mais valioso para eles do que você pode imaginar. Se você
ensinar-lhes o evangelho, mas viver para si mesma, eles nunca acreditarão
nele. Viva sua vida diariamente para
eles, com alegria. Deixe de lado a mesquinharia. Deixe de lado a imaturidade.
Deixe de lado o ressentimento por ter que lavar os pratos, por cuidar das
roupas, porque ninguém percebe que seu trabalho é inesgotável.
Pare de apegar-se a si mesma e apegue-se à
cruz. Há mais alegria e mais vida e mais riso do outro lado da morte do que
você possa carregar sozinha.
©2015 Desiring God Foundation. Website:
www.desiringGod.org
http://desiringgod.org/articles/motherhood-is-a-calling-and-where-your-children-rank
Traduzido com permissão por Rachel Machado Soares Beere